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Brasil

Lula admite que dinheiro público vai bancar a Copa no Brasil em 2014

10 Jun 2010 - 05h33Por Terra

A Copa do Mundo de 2014, no Brasil, vai ser bancada com dinheiro público. Ainda que tenha se referido a financiamentos via BNDES, foi o que deixou claro o presidente Lula em entrevista que vai ao ar nesta quarta-feira (9) às 22 horas na ESPN Brasil.

Na conversa com a jornalista Adriana Saldanha, disse o presidente: - O Governo Federal, através do BNDES, se dispôs a criar uma linha de financiamento em que nós emprestamos o dinheiro ao governo do estado, se o estádio for público, ou emprestamos à empresa que for dona do estádio, ou seja, não é dinheiro público, é um financiamento (…) os governadores tomarão dinheiro emprestado e terão que pagar…

O presidente, como se sabe, é um craque na política e no uso da palavra, mas nem tanto conseguirá esconder o que está embutido na frase acima. Vejamos.

Apenas três são os estádios privados: o do São Paulo, o do Internacional e o do Atlético Paranaense. Os governadores de 9 estados garantirão os financiamentos no BNDES, banco que tem uma linha de R$ 3,5 bilhões para os estádios.

A pergunta é: o dinheiro será dos estados, de cada um dos 9 estados, ou é dinheiro privado?

A resposta é: o dinheiro é público. Quem vai pagar a conta destes supostos 9 estádios é o contribuinte de cada estado. Portanto, o que se tem é apenas uma distribuição de responsabilidades. As manchetes não poderão dizer que “Governo federal banca Copa 2014”. Terão que fazer um acréscimo:
- Governos federal e estaduais bancam a Copa 2014.

Isso, salvo nos casos dos três clubes acima citados, que têm estádios privados e que, como tal, terão que suportar eventuais empréstimos junto ao BNDES ou buscar parcerias.

Tanto assessores da Presidência da República quanto da CBF, questionados a respeito por este blogueiro, lembraram:
- Mas esses estádios serão patrimônio público de cada estado, ou a iniciativa privada poderá comprá-los.

Quanto à iniciativa privada, que não quer bancá-los agora, é de se esperar sentado que venham querer pagar a conta depois. Já a saída “futuro patrimônio público” é um eufemismo para não dizer logo de cara que o governo, os governos vão pagar a conta.

Ao mesmo tempo, esse discurso desmente tudo o que foi dito no pré e no pós candidatura do Brasil a 2014.

Recordemos o que disseram alguns dos personagens deste enredo. A começar pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em 9 de maio de 2007. (E mais ou menos o mesmo diria já depois da escolha do Brasil):
- Todos os governantes estão dispensados de contribuir com a candidatura. Numa Copa, cada seleção paga sua estadia. Já os campos (estádios) terão de receber investimentos privados. O único trabalho do governo será oferecer transporte público de qualidade, saúde e outras coisas.

Sobre essa curiosa mas sempre esperada transformação de discursos, mais de três anos depois, o jornal Estado de S.Paulo relatou nesta terça-feira 8 de junho de 2010, em matéria assinada por Jamil Chade, o que teria sido dito por um dos 15 membros do Comitê Executivo da Fifa sob condição de anonimato:
- Teixeira nos disse que falta apenas uma assinatura, mas que o dinheiro está garantido.

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, segundo o Estadão, afirmou não ver diferença entre dinheiro público ou privado para os estádios:
- O que eu quero é a garantia de que eles serão construídos.

Na mesma entrevista que a ESPN leva ao ar nesta quarta às 22h e reprisa às 2h da madrugada, às 8h e às 15h desta quinta-feira, o presidente Lula disse também que custarão R$ 11 bilhões as obras de infraestrutura em cidades que receberão jogos da Copa:
- Como também na questão da mobilidade urbana são praticamente R$11 bilhões, que nós já estamos investindo no PAC 1 e no PAC 2 para que a gente possa fazer os corredores necessários, as estações de metrô necessárias para que a Copa do Mundo, quando ela chegar, o Brasil esteja altamente preparado.

Se as obras de fato forem para atender o conjunto da população, problema algum. Mas há que seguir com lupa os interesses que gravitam numa conta de R$ 11 bilhões. 

Ainda as declarações e promessas de figuras públicas sobre a Copa 2014. Anunciava Orlando Silva a 29 de novembro do mesmo 2007, na abertura do 8º Encontro Nacional de Arquitetura e Engenharia:
- O governo pensa em não destinar dinheiro público para a construção ou remodelação de estádios. Essa questão deve partir da iniciativa privada.

Dizia ainda Orlando Silva sobre o porvir maravilhoso via Copa e iniciativa privada:
- Uma rede de estádios multiuso permitirá que o Brasil entre com mais força no ciclo de grandes eventos e espetáculos, que requerem uma infraestrutura logística que agora está limitada a um ou dois lugares no país. As arenas poderão também explorar marcas, como fez a Alemanha no Mundial.

A conta dos estádios, que à época estimava-se em R$ 2,8 bilhões, já será agora, ao que se vê, de pelo menos os R$ 3,5 bilhões a serem financiados pelo BNDES.

Sem contar a encrenca do Morumbi. Segundo a Folha de S. Paulo desta quarta-feira, o São Paulo FC só admite entrar num projeto, e com parcerias, que oscile entre R$ 250 milhões e 280 milhões, enquanto a FIFA aprovou um projeto que bate nos R$ 630 milhões.

A propósito do Morumbi, disse o presidente Lula à ESPN:
- Eu acho que o Brasil não tem o direito de ter um estádio como o Morumbi e inventar que ele não serve e tentar fazer um estádio novo para a Copa do Mundo. Eu acho que o Morumbi, se tiver que sofrer adequações, que sofra adequações, mas eu acho que o Morumbi é um bom estádio. Precisa melhorar, vamos tentar melhorar. (…) Vamos parar com esse negócio de achar que não tem área para estacionamento, não tem área pra isso, não tem área pra aquilo (…) O estádio está pronto! É só fazer algumas modificações e torná-lo pronto para a Copa do Mundo.

Agora é aguardar e ver quem leva mais essa queda de braço, a do estádio de abertura da Copa 2014. E, claro, aguardar também para saber quem pagará mais essa conta.

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