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Leia o artigo “Recordações do Porvir”, por Bruno Peron

23 Mai 2011 - 18h00Por Bruno Peron

RECORDAÇÕES DO PORVIR

Bruno Peron

 

A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que a população mundial alcançará 7 bilhões em outubro de 2011 e que, neste ritmo de crescimento, seremos 10 bilhões em 90 anos.

Somente a China contabiliza 1,338 bilhão de habitantes e a Índia, 1,210 bilhão. Alguns países concentram os números e também a percentagem do aumento. A ONU reconhece que o incremento populacional concentra-se na África (39%), Ásia (9%) e América Latina (4%). Estas cifras indicam uma projeção percentual de crescimento em cada região até 2100.

Famílias de rendas mais baixas tendem a ter número maior de filhos e esquivar o desejável e impreterível planejamento familiar. Este é um diagnóstico de olho nu. Basta observar.

Preme a necessidade de que os países destas regiões desenvolvam políticas de planejamento das gerações e intensifiquem as que já existem a fim de amenizar efeitos nefastos para o planeta, como o processo de mudanças climáticas e o risco de desabastecimento alimentar que se devem ao modelo de desenvolvimento vigente. Ambos problemas são inadiáveis e a qualidade de vida de milhões de pessoas depende de decisões bem tomadas.

Investe-se, deste modo, em educação sexual, distribuição de preservativos em vários pontos de atendimento, campanhas nos meios de comunicação e atitudes mais regulamentadoras e menos assistencialistas do governo com quem exagera na produção da prole sem ter condições de sustentá-la. Imagine-se quantos votos os candidatos a eleições perderiam se a punição substituísse o assistencialismo em seus programas de governo.

O aumento populacional dentro da lógica vigente de consumismo (o paroxismo do consumo), destruição da natureza e reprodução distorcida do trabalho trará o fim da humanidade.

Enquanto meio mundo se entretém com a encenação do assassinato do magnata Osama Bin Laden, que nos convence mais ainda que o terrorismo não terminou e os Estados Unidos serão mais abominados, a humanidade sufoca-se com políticas retrógradas e dramas irrelevantes que pouco nos enaltecem a espécie. Pior que isso: descortinam nossa mediocridade.

O conceito de trabalho nas sociedades capitalistas modernas, o que inclui Brasil, está tremendamente deturpado. Compra-se a ideia embusteira de crescimento profissional enquanto eficiência de movimentação da economia (balas, cigarros, bolachas, carros, motos, etc) e superação dos concorrentes na ocupação de postos de trabalho e inserção de produtos no mercado. Instituições mercadotécnicas de "capacitação profissional" e "ensino profissionalizante" nos humilham como peças desprezíveis de xadrez.

A concorrência é atributo do livre mercado, mas, ao mesmo tempo, fantasma de decomposição ética das sociedades porque ela é buscada por consumidores e detestada por empresários. O que os primeiros poucas vezes contestam é que se reduz a qualidade, a quantidade e o tempo de vida de produtos a fim de que eles sejam mais baratos e compitam no mercado. Por exemplo: os ovos de Páscoa que se vendem no Brasil transformam-se num alimento asquerosamente açucarado e gorduroso e com pouco teor de chocolate, enquanto os eletrodomésticos têm vida cada vez mais curta e que fazem valer ao menos a garantia.

Depois do expediente esgotador, os trabalhadores (ou vendedores de sua mão-de-obra) atracam em casa para ocupar o tempo fugaz e parco que lhes resta com a família, mas se deparam com a voracidade dos meios de comunicação, um de seus meios de recreação, incentivando a burrice e caçando exclusividades sobre a morte de Bin Laden.

Há um grande movimento de fundo comercial que nos estanca a evolução e confunde desenvolvimento com expansão econômica.

Nosso mundo carece de líderes que assestem os grupos populacionais no caminho do esclarecimento, a reciprocidade de ideias e o trabalho dignificante.

O diagnóstico de explosão populacional é preocupante na medida em que o que mais cresce é o número de habitantes de países onde, como a China, abusa-se tanto da mão-de-obra do trabalhador que mal lhes sobra fôlego para pensar no que cada um poderia fazer para elevar a condição humana, não importa que tão humilde seja sua posição social.

Convivemos com histórias mal contadas até que elas se tornam verdades e se consagram em fatos. Já me referi a este fenômeno noutra ocasião como a "trivialidade em dúvida".

A multidão em disparada atende aos interesses dos contadores de histórias e multiplicadores de números. Estes buscam insaciavelmente ampliar os mercados consumidores em países desfavorecidos e desvalorizar o trabalho de quem tem seus sonhos de cidadão tergiversados por petroleiros, como George Walker Bush e Osama Bin Laden, empresários desinteressados nas fontes limpas e renováveis de energia para não afetar seus negócios.

Alimentos básicos, como açúcar, feijão e leite, vendem-se mais caros aos brasileiros e, se continuar assim e ninguém se mobilizar, logo não estarão disponíveis para o consumo de todos porque seus preços serão demasiadamente altos ou valerá mais a pena mandá-los ao exterior.

O mundo inchado de pessoas implica em carência de alimentos e despejo maior de lixo, mas em países que fazem pouco para garantir a nutrição de seus habitantes e a reciclagem do excedente de consumo.

Que faremos da humanidade se não formos agentes ativos de transformação?

Não nos arrisquemos a relegar os ideais a breves recordações do porvir.

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