Pelo menos 30 famílias indígenas da Aldeia Jaguapirú, em Dourados, invadiram na noite de ontem uma fazenda no distrito Carumbé, no município de Itaporã. A previsão é de novos grupos de índios douradenses se desloquem para o local, reforçando ainda mais o movimento.
Lideranças indígenas afirmam a falta de água e de espaço para plantar obriga as famílias a deixarem as aldeias de Dourados para escaparem da fome e do fantasma da desnutrição, que já ronda as aldeias. De acordo com o capitão da aldeia Jaguapirú, Renato de Souza, as terras invadidas pertencem à comunidade indígena.
"Centenas de famílias moravam naquela localidade há 60 anos atrás, os fazendeiros foram aos poucos tirando os índios da colônia. Estamos reivindicando nossos direitos", explica Souza, completando que a intenção dos invasores é fazer um acordo com os fazendeiros.
"Queremos que a União compense o dinheiro investido para os compradores e nos devolva a terra", revelou o capitão, lembrando que a comunidade vem buscando alternativas para conseguir a ampliação da aldeia, mas nenhuma providência foi tomada.
"O certo não é o índio ficar invadindo terra. O Incra que deveria buscar formas de garantir o bem-estar indígena, evitando conflitos até mortes. Corremos este risco para garantir nossos direitos mas acabamos desenvolvendo uma ação que não é de nossa responsabilidade. Infelizmente não dá mais para esperar por nossos representantes fome", disse.
A área invadida, com mais de 40 quilômetros de extensão liga a aldeia Jaquapirú ao distrito de Corumbé. Ano passado o antropólogo Marcos Homero, do MPF (Ministério Público Federal), apresentou um laudo de identificação em que afirma que as terras eram ocupadas tradicionalmente por índios, mas a tese ainda não foi acatada.
Cido Costa/Dourados Agora |
A Reserva Indígena de Dourados conta com 3.470 hectares e no local residem cerca de 13 mil indígenas. O capitão explica que a situação da aldeia Jaguapirú é precária. A falta de água é constante. As hortas deram lugar as casas, já que a população cresceu. "O projeto de ampliação das aldeias infelizmente não sai do papel e a comunidade padece", disse.
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