Fumante desde os 10 anos, a dona de casa Elza Margarita de Castro Perna, de 103 anos, diz que não consegue largar o vício no tabaco. Ela conta que por muito tempo os pais tentaram coibir a prática, mas logo ela teve liberação para continuar o uso.
Elza está entre os fumantes de Rio Branco, que são 9,7% da população, segundo levantamento da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2014, repassado pelo Ministério da Saúde.
Questionada se não pensa em parar com o fumo, ela diz, bem-humorada: "Quando dá vontade, a língua até coça".
Natural de Boca do Acre, no Amazonas, ela vivia em Brasileia, município acreano distante 232 quilômetros de Rio Branco. Porém, após a cheia histórica na cidade, que chegou a ser tomada 100% pelas águas, a aposentada está temporariamente na casa da sobrinha, Graça Souza, na capital.
"Quando vem aquela vontade de fumar, é como um bebedor de cachaça. Tem que fumar, aí só depois a vontade passa. Para mim, é uma coisa muito boa fumar meu cachimbo porque me sinto mais calma quando estou nervosa ou preocupada, que é quando eu fumo mais. Isso me acalma", revela a centenária.
A sobrinha confirma e diz que é um hábito difícil de reverter. "Levei ela no médico uma vez, porque o único problema que ela apresenta mesmo é pressão alta. O médico pediu apenas que ela diminuísse o fumo, porque é complicado pedir para ela parar de fumar na idade em que está", explica.

Sobre a redução no fumo, Elza é categórica. "Às vezes, eu acendo e deixo lá, mas quando vem a vontade, me ponho sentada e fumo. Chego até a cochilar", conta entre risos.
Mesmo com a idade avançada, a aposentada impressiona pela boa memória e também pela saúde. De acordo com a família, a alimentação de Elza é natural e se baseia apenas em arroz e feijão. "Ela não gosta de carne, só do arroz e feijão e toma muito leite também", diz a sobrinha.
Médico alerta para riscos do fumo
Procurado pelo G1, o infectologista Thor Dantas explica os malefícios do fumo, mas reconhece que, na idade de Elza, não seria indicado interromper o hábito. Ele alerta para algumas doenças que podem ser desenvolvidas em decorrência do uso da substância.

(Foto: Aline Nascimento/G1)
"Na fumaça do tabaco existem muitas substâncias conhecidas como cancerígenas. Se o indivíduo inala esse tabaco, ele vai até o pulmão e tem um risco aumentado de câncer de pulmão ou enfisema pulmonar. Já quem fuma cachimbo ou charuto, que é quando o tabaco fica apenas na boca, o risco maior é de câncer de boca, língua ou laringe", explica.
Além disso, o médico destaca ainda a possibilidade da absorção do tabaco pelo organismo causar câncer também em lugares distantes, como na bexiga. Sobre os mais de 80 anos em que Elza faz o uso da substância, Dantas explica que pela idade não seria vantajoso interromper esse hábito.
"Com essa idade avançada, acaba que não vale muito mexer em hábitos que já estão estabelecidos, porque a consequência de parar de fumar é a longo prazo. E os benefícios de parar de fumar não seriam sentidos por ela. Isso faria mais sentido se ela usasse os inaláveis, como o cigarro, que vão direto ao pulmão e causam aquela tosse, que incomoda bastante. Quando se para com o cigarro, esse sintoma desaparece em questão de semanas", destaca.
O fato da idosa fumar mais quando está nervosa ou preocupada aponta uma dependência psicológica e química, já que o tabaco a deixa mais calma. "Certamente ela tem um grau de dependência, mas mexer em algo como esse nessa altura da vida não traria benefício", finaliza.
Ações de combate contra o tabagismo
O tabagismo, segundo o Ministério da Saúde, é responsável pelo desenvolvimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como câncer, doenças pulmonares e cardiovasculares. Ainda de acordo com o órgão, o uso do tabaco continua sendo a principal causa de mortes evitáveis.
A priorização do atendimento, de quem deseja parar de fumar, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) pode ser mensurada pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o IBGE. Em 2013, 73,1% das pessoas que tentaram parar de fumar conseguiram tratamento, um aumento importante em relação a 2008, quando o índice era de 58,8%.
Atualmente, das 39.228 equipes de saúde na família, mais de 23 mil em todo o país estão prontas para oferecer o tratamento ao tabagismo em 5.460 municípios. Em 2013 e 2014, o Ministério da Saúde destinou R$ 41 milhões para compra de medicamentos (adesivos, gomas e pastilhas de nicotina e bupropiona) ofertados no tratamento contra o tabagismo.

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