Na violência entre casais, frequentemente, a mulher é a vítima, é o que mostra os trabalhos realizados por instituições governamentais e outras entidades que se debruçam sobre o estudo do tema.
Porém, quando essa violência é estratificada por idade, percebe-se que entre a faixa de jovens, de 15 a 19 anos, de ambos os sexos, desempenham o papel de agressor e de vítima ao mesmo tempo, como mostra pesquisa feita na Fiocruz Pernambuco.
Diferente da maioria dos estudos existentes, no qual a violência é pesquisada apenas tendo um dos sexos como agressor ou vítima, o estudo Perpetração da violência sexual entre namorados adolescentes em Recife – PE: prevalência, padrão de direcionalidade e fator de associação abordou a mutualidade da violência entre casais de namorados.
A pesquisa considerou como violência sexual ações que vão desde a insinuação, passando eplo toque forçado, até o estrupo. A violência sexual foi um ato assumido por 67,3% dos 290 jovens namorados que participaram do estudo, como já cometido por ambos os parceiros.
No entanto, quando as ações são praticadas apenas por um dos namorados, vê-se que, isoladamente, os rapazes agridem mais (23,7%) do que as garotas (9%).
Os dados também mostram que a violência praticada pelas adolescentes se dá de forma mais moderada (47,7%), caracterizando-se, por exemplo, no tocar o outro contra a sua vontade. Entre elas, 20,8% cometeram atos leves, como tentar beijar o rapaz quando ele não desejava.
O ato leve foi o mais relatado pelos garotos em relação às garotas (79,2%). Já a ameaça de manter relação sexual forçada – considerada como grau grave - foi mais representativa entre os adolescentes do sexo masculino, 73,7%, contra 15,8% do sexo feminino.
Fatores de risco
Além da prevalência (número de casos antigos e novos) e da direcionalidade, a pesquisa realizada pelo biomédico Eduardo Bezerra, no mestrado em saúde pública da Fiocruz Pernambuco, avaliou os fatores de risco existentes na violência entre namorados jovens.
“Identificamos que o risco de um casal cometer violência é duas vezes maior quando ambos os parceiros não têm religião. O risco também dobra quando o local onde a violência é praticada é a comunidade”. Ele ressalta que outras questões também contribuem para o crescimento do risco da violência.
Entre aqueles que já bateram no companheiro, o risco de voltar a cometer esse ato foi 2,5 vezes maior. Já ter transado é um fator de risco três vezes maior para a prática da violência, comparando-se com aqueles que ainda não iniciaram a vida sexual. Não houve significância da violência com relação à cor, entre os jovens casais.
Na pesquisa foram ouvidos 290 adolescentes de 15 a 19 anos, de 11 escolas do Recife. Ter ficado, namorado ou mantido relações sexuais eram condições exigidas para participar do estudo. O trabalho foi orientado pela pesquisadora do departamento de Saúde Coletiva, Maria Luiza Carvalho.
Ele faz parte de uma pesquisa maior que investiga a violência entre namorados em dez capitais do Brasil, coordenada pelo Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves), da Fundação Oswaldo Cruz.(Agência Fiocruz de Notícias)
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