Um empresário que mantinha seis filhos e a mulher em cárcere privado foi detido e conduzido à delegacia nesta sexta-feira (25) em Fortaleza. Segundo a Defensoria Pública do Ceará, as vítimas eram mantidas presas em um apartamento na área nobre de Fortaleza sem móveis e eram impedidas de ter contato com outras pessoas. As crianças também não frequentavam a escola e duas delas não possuem certidão de nascimento. Um inquérito policial foi aberto para investigar o caso.
O Núcleo de Atendimento da Defensoria da Infância e da Juventude (Nadij) entrou com uma ação urgente de medida protetiva para acolhimento institucional das seis crianças e adolescentes mantidos em cárcere privado pelo pai. Os filhos, quatro meninas e dois meninos, têm idades entre 4 e 19 anos. O crime foi descoberto após denúncia anônima por meio do Disque 100.
Segundo a defensora pública e titular do Nadij, Ana Cristina Barreto, que acompanhou o caso, as crianças e adolescentes eram mantidas isoladas de amigos e familiares. O pai tem problemas psicológicos, com relatos de perseguição e alucinatórios, segundo informou a defensora. As crianças mais novas têm dificuldade de falar, segundo a defensora. A Defensoria apura ainda se eles sofriam algum tipo de agressão física e se alimentavam regularmente.
O apartamento onde todos moravam possui cinco cômodos, divididos entre cozinha, quarto, sala, área de serviço e banheiro. O imóvel, localizado na Rua Visconde de Mauá, no Bairro Aldeota, não possui móveis e todos dormem em redes. No local tem apenas eletrodomésticos como fogão, geladeira e máquina de lavar.
"É uma situação muito delicada, que causa muita perplexidade, até pelo bairro onde ocorreu, uma área considerada nobre na cidade e com bastante movimento. As crianças serão acolhidas para proteção delas. Será realizada uma análise psicossocial do abalo que isso acarretou realmente pra cada uma delas e o tipo de tratamento que vai ser preciso ser feito", comentou a defensora.
Filha nasceu em casa
Durante a visita do Conselho Tutelar, a mãe das crianças apresentou apenas a certidão de nascimento de quatro filhos. De acordo com o relatório apresentado à Defensoria Pública, as informações relatadas apontam que duas crianças mais novas não possuem nenhum documento. A filha mais nova, inclusive, nasceu na própria casa em procedimento realizado pelo pai.
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