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Brasil

Eleitores dão "licença para roubar", diz jornal

3 Out 2006 - 08h27
Um editorial publicado nesta terça-feira pelo jornal espanhol ABC comenta o resultado da eleição de domingo no Brasil, afirmando que a quase vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno mostra que, "para os eleitores do Partido dos Trabalhadores, pouco importa a espessa nuvem de corrupção que faz sombra ao governo do líder brasileiro".

Para o jornal, "os partidos políticos se converteram em um manto acobertador de seus militantes em vez de serem atentos e rigorosos vigilantes da idoneidade política e moral de cada um deles".

"Aos eleitores não parece importar muito a decência de seus líderes e assim, juntando a fome com a vontade de comer, alguns protagonistas máximos da política se sentem de posse de uma ¿licença para roubar¿ equivalente à "licença para matar¿ que James Bond exibe em seus filmes", afirma o editorial.

Outro jornal espanhol, El País, também comentou o resultado eleitoral em um editorial, afirmando que Lula recebeu "um sério aviso" das urnas. "O presidente vai ter que mudar muitas coisas em sua estratégia para assegurar a reeleição neste mês", diz o texto.

Para o diário, "como não há diferenças programáticas fundamentais entre ambos os candidatos (Lula e Geraldo Alckmin), será a credibilidade de um e de outro a que resolverá finalmente a luta pela Presidência do gigante íbero-americano".

O editorial afirma ainda que "a sensação acumulada durante o último ano e meio de que tudo valia no Brasil, enquanto não se provasse uma conexão direta do favorito Lula com a corrupção, se dissipou bruscamente no domingo". "As urnas refletiram uma visão mais exigente da ética política", avalia o editorial.

Campanha perigosa
Reportagem do diário americano The New York Times diz que Lula esperava até o último momento uma vitória no primeiro turno, mas "ele estava equivocado, e agora enfrenta o que promete ser a campanha mais cansativa e potencialmente perigosa de sua longa carreira, contra um concorrente que ele e muitos outros menosprezavam".

O texto, que em seu título diz que a base de apoio a Lula "pode virar areia", diz que o segundo turno, que Lula "nem queria nem esperava", "promete ser extraordinariamente disputado e cheio de contrastes".

"As diferenças não são tanto de idéias - ambos os partidos vêm lutando pelo mesmo espaço de centro-esquerda desde que Lula moveu-se para o centro para ganhar em 2002 -, mas de personalidade e estilo político", diz o Times.

O Wall Street Journal, por sua vez, avalia que no segundo turno Lula não terá como evitar o confronto, como fez no primeiro turno. "Ele desprezou os debates com outros candidatos e fez campanha principalmente dentro de sua base de eleitores de baixa renda, que apoiavam os programas sociais do governo e a figura de homem comum de Lula".

O jornal econômico observa que os mercados financeiros tiveram um dia positivo no Brasil na segunda-feira, após a votação inesperada de Alckmin. "Enquanto o esquerdista sr. da Silva se mostrou um responsável administrador fiscal da economia, o sr. Alckmin é visto pelos investidores como tendo uma proposta mais clara para encolher o Estado e estimular o crescimento".

O diário francês Le Monde também comenta os efeitos da eleição sobre os mercados. "Os programas de PT e PSDB não são muito diferentes, e o desafio eleitoral não parece preocupar os mercados financeiros, diferentemente de 2002, quando a possibilidade de eleição do antigo sindicalista provocou uma verdadeira tempestade", diz o texto. Para o jornal, porém, "as quatro semanas de campanha entre o primeiro e o segundo turnos vão paralisar o governo e aumentar a polarização".

Kirchner apreensivo
Os principais jornais argentinos relatam em suas edições desta terça-feira a apreensão do governo argentino com relação às eleições no Brasil.

Segundo o diário La Nación, "a Casa Rosada (sede do governo argentino) reagiu ontem com doses iguais de cautela e inquietude sobre o resultado das eleições no Brasil, mas os principais membros do governo de Néstor Kirchner confiam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhará no segundo turno".

De acordo com a reportagem, o presidente argentino aposta na vitória de Lula por considerar que as relações entre os dois países passam por um bom momento. "Do ponto de vista do governo, a permanência do presidente brasileiro no poder permitiria afiançar a aliança estratégica da Argentina com o Brasil em um Mercosul que enfrenta múltiplos curto-circuitos", diz o texto.

Segundo o diário Clarín, "Kirchner havia apostado bastante em Lula, a quem no governo consideram "mais previsível" do que Alckmin". "Não é segredo a boa relação entre a Chancelaria e o Itamaraty e, de fato, a relação entre Kirchner e seu colega brasileiro melhorou muito desde o fim do ano passado".

O jornal diz ainda que alguns oposicionistas argentinos procuraram traçar paralelos entre a eleição brasileira e o cenário político argentino, onde Kirchner é favorito para ser reeleito no ano que vem.

O diário econômico El Cronista Comercial, por sua vez, avalia que "o destino do Mercosul e da liderança regional estão em jogo no segundo turno no Brasil". O jornal avalia que o governo Lula mantém seu apoio ao bloco regional e à Argentina contra a vontade do "establishment industrial" representado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), considerada mais próxima a Alckmin.

Em relação à disputa pela liderança regional, o jornal considera que "ainda que Lula ganhe no segundo turno, a redução de seu cacife político favorecerá a influência de Hugo Chávez, que com a força dos petrodólares, de discursos incendiários e da chegada ao poder de aliados como o presidente boliviano, Evo Morales, foi reduzindo o papel de líder regional que quase naturalmente ostentam os presidentes do Brasil".

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