Desde novembro, o empresário vinha se recuperando de uma cirurgia para a retirada de um hematoma craniano, em decorrência de uma queda doméstica. Suas condições clínicas pioraram nas últimas semanas, levando à instalação de um quadro de insuficiência renal grave.
De acordo com o Grupo Folha, ele estava inconsciente há alguns dias. Seu coração deixou de bater às 15h25. Em 1962, depois de passar pelo serviço público, Frias adquiriu a Folha de S. Paulo em sociedade com Carlos Caldeira Filho. É de Frias também a estratégia que fez da Folha a base de um conglomerado que abrange a Folha Online, o portal UOL, o jornal Agora SP, o Instituto Datafolha, a editora Publifolha, a gráfica Plural e o diário econômico Valor, em parceria com as Organizações Globo.
Faro de jornalista
Embora sempre fizesse questão de dizer que era empresário, Frias “tinha alma e faro de jornalista”, observa o repórter Ricardo Kotscho, que trabalhou diretamente com ele. “Por isso, costumava chamar à sua sala, independentemente da função que exerciam, profissionais de diferentes áreas da redação”, escreveu Kotscho em seu livro Do Golpe ao Planalto.
Entre esses jornalistas, destaca-se o nome de Cláudio Abramo, braço direito de Frias, que gostava de discutir com ele sobre socialismo e capitalismo. Frias sabia ganhar dinheiro, mas não era homem de luxos nem de coisas supérfluas. Costumava usar roupas velhas, sem nenhuma vaidade. “Dinheiro só terá sentido enquanto estiver, de alguma forma, a serviço da sociedade”, ensinava aos filhos, aos quais transferiu cedo a condução dos negócios. Isso jogou sobre eles um “peso um pouco massacrante”, observou Otavio Frias Filho, diretor de redação desde 1984. “Pus os filhos para trabalhar já há algum tempo”, disse o empresário no fim da vida, satisfeito com essa decisão. Sorte e trabalho
Ao receber o prêmio Personalidade da Comunicação 2006, em maio, Frias fez um balanço positivo de sua trajetória. “Tive algum êxito como empresário. Consegui dar minha modesta contribuição no grande trabalho coletivo de criar riquezas, gerar empregos, fortalecer empresas e lanças novos produtos. Atribuo esse êxito ao trabalho perseverante e a alguma sorte”, declarou em seu discurso.
Dizia que cometeu muitos pequenos erros, mas nenhum grande, porque sempre foi muito cauteloso. Não se arrependia de nada, “faria tudo igualzinho”, mas não compraria a Folha, “porque não teria dinheiro para pagar o que ela vale hoje”. Ao se aposentar, continuou a se interessar pelo dia-a-dia do jornal. Acompanhava de perto os editoriais, discutia alguns assuntos específicos com os filhos e participava da orientação geral, mas sem função executiva.
Agestado
Participe do nosso canal no WhatsApp
Clique no botão abaixo para se juntar ao nosso novo canal do WhatsApp e ficar por dentro das últimas notícias.
Participar