Na quarta-feira, dia 25 de maio, comemora-se o Dia Nacional da Adoção, instituído no ano de 2002, após a realização do I Encontro Nacional de Associações e Grupos de Apoio à Adoção (ENAPA). A data é celebrada em todo o país, principalmente por grupos de apoio à adoção. Em Campo Grande, no último sábado (21), o Grupo de Apoio à Adoção VIDA (Geaav) fez panfletagem na esquina da rua 14 de Julho com a Av. Afonso Pena, local onde transitam milhares de pessoas diariamente.
A intenção foi fazer com que mais pessoas tomem conhecimento do tema adoção, permitindo que as crianças acolhidas tenham seus direitos à convivência familiar preservados. Em abril, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgou números atualizados sobre a adoção no Brasil e o último levantamento do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) mostra que o número de pessoas interessadas em adotar é quase seis vezes maior do que a quantidade de crianças e adolescentes disponíveis.
Para quem não conhece, o CNA é uma ferramenta criada para auxiliar juízes das varas da infância e da juventude na condução dos procedimentos de adoção. Lançado em 29 de abril de 2008, o CNA visa agilizar os processos de adoção por meio do mapeamento de informações unificadas. Além disso, o cadastro possibilita a implantação de políticas públicas na área.
Dados do CNA apontam que existem em território brasileiro 4.427 crianças e adolescentes aptos a serem adotados, enquanto a lista de pretendentes atinge 26.694 pretendentes e é possível notar que o número de interessados é mais de seis vezes maior em relação aos jovens disponíveis para adoção. Por que existe esta distância entre as duas realidades?
Para a juíza Katy Braun do Prado, titular da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso de Campo Grande, 95% das pessoas que pretendem adotar querem crianças com até cinco anos e apenas 1% das crianças disponíveis para adoção estão nesta faixa etária. “A pretensão das pessoas é por crianças que não existem. No Brasil ainda existe um preconceito muito grande com crianças de seis a oito anos – há uma rejeição muito grande a este grupo, especialmente se forem do sexo masculino”, disse ela.
Katy Braun lembra que as crianças que estão nos abrigos tem, em média, de seis a 11 anos, ressaltando que os órgãos protetores da infância e juventude começam a receber denúncias de abusos e maus tratos na época em que estes começam a ir para a escola. “Nós recebemos essas crianças quando costumam ser maltratadas e abandonadas por suas famílias”, completa.
O grande desafio, no entender da juíza, é preparar crianças e adolescentes abrigados para a vida adulta. “Se a criança chegou à adolescência no abrigo, a probabilidade de encontrar uma família substituta é muito pequena. Precisamos capacitá-la para que aos 18 anos possa viver uma vida independente. É necessário que tenha concluído seu ensino e tenha qualificação profissional para conseguir enfrentar sozinho a vida. No Mato Grosso do Sul temos 83 crianças e adolescentes cadastrados para adoção e destes apenas quatro tem de zero a cinco anos. Os demais, em sua grande maioria, tem mais de 13 anos. São pessoas que vamos acompanhar até atingir 18 anos e alcançar a maioridade civil”, concluiu.
Preparação – O processo de adoção está entre os ritos mais céleres e eficazes da justiça comum: basta apenas fazer o curso de preparação, passar pela entrevista com os profissionais da Vara da Infância e ficar apto para adotar.
A Vara da Infância, da Juventude e do Idoso de Campo Grande oferece, duas vezes por mês, o Curso de Preparação à Adoção (CPA), com aula expositiva, dinâmica de grupo e distribuição de materiais pedagógicos.
O curso aborda, entre outros temas, o aspecto jurídico da habilitação à adoção, o instituto da adoção e de seu procedimento, as entidades, as instituições e os profissionais que atuam no sistema de proteção à criança e ao adolescente, sendo requisito obrigatório para o projeto de futura adoção.
Dados - O relatório do CNA apontou que mais de 80% dos pretendentes à adoção não aceitariam adotar jovens que tenham irmãos e a maior parte das crianças e adolescentes que disponíveis para serem adotados fazem parte desta realidade: mais de 75% possuem irmãos, sendo 31,15% com irmãos inscritos no cadastro nacional.
Os números do CNA também mapeiam o perfil de crianças e adolescentes desejados pelos pretendentes: 10.129 querem crianças brancas, com 1.574 optando apenas pela adoção de crianças pardas. Negros, amarelos e indígenas apresentam, respectivamente, 579, 345 e 343 candidatos. Já 8.334 interessados são indiferentes à raça. Quanto ao gênero, 15.632 interessados se manifestam indiferentes em adotar menino ou menina.
Participe do nosso canal no WhatsApp
Clique no botão abaixo para se juntar ao nosso novo canal do WhatsApp e ficar por dentro das últimas notícias.
Participar