Divisão separatista, um golpe maquiavélico
Demerval Nogueira *
O município de Glória de Dourados foi injustamente penalizado quando da criação do município de Deodápolis. Retratamos também que, este artigo não tem por objetivo vilipendiar os atuais políticos deodapolenses, muito menos sua população pacífica, ordeira, receptiva e laboriosa que não tem absolutamente nada a ver com essa história. Com a elevação do distrito de Deodápolis a município, Glória de Dourados sofreu um baque quase que incomensurável e extremamente doloroso em seu território e na ação política. Naquela oportunidade a Constituição Federativa do Brasil, em caso de divisão territorial, proibia terminantemente o Município Mãe, estabelecer-se de forma menor que o Município Filho. E não foi isto que aconteceu quando da criação do município de Deodápolis, que vigorou através da Lei nº 3.690, de 13 de maio de 1976. Contrariando os preceitos constitucionais, os políticos envolvidos naquela trágica divisão, não se manifestaram com retidão e idoneidade e, certamente contribuíram decisivamente no estrangulamento do território gloriadouradense que acabou ficando menor que o Município Filho.
Criada através da Lei nº 1.941, de 11 de novembro de 1963, Glória de Dourados, que naquela oportunidade detinha 1.165,4 quilômetros quadrados, após a divisão tornou-se um município com apenas 335 quilômetros quadrados, enquanto que, o Município Filho, Deodápolis, abocanhou cerca de 830,4 quilômetros quadrados, contrariando e afrontando de forma acintosa os princípios da Lei Máter. Com 335 quilômetros quadrados, o município gloriadouradense perdeu uma área de terra altamente considerável e produtiva, além de perder também, densidades populacional, eleitoral, grande parte dos recursos federais, estaduais, municipais e outras receitas consideradas de grande impacto para o erário gloriadouradense. Esses aspectos divisionais contribuíram sobremaneira para que Glória de Dourados se transformasse em um município de pouca expressividade em todos os níveis. A divisão do município teria que ser pelo menos na 10ª Linha, para que o prejuízo não fosse tão catastrófico.
O que é pior nesta história toda é que nenhum político de Glória de Dourados naquela oportunidade, levantou um dedo sequer em defesa do Município, da sua terra e de sua gente. Ninguém protestou diante desta depravada aberração, uma balbúrdia impiedosa, esdrúxula, grotesca e estapafúrdia que protagonizaram os detentores do poder naquela oportunidade. A manobra engendrada contra Glória de Dourados naquele ato separatista, deixou mazelas indeléveis que jamais serão cicatrizadas e que, a maioria absoluta da população gloriadouradense não tem conhecimento dessas ações malévolas praticadas pelos “Homens do Poder”.
Nesse interregno, presidente da República era da chamada Arena, o governador do Estado também era da Arena, deputados federais e estaduais, em sua quase que totalidade, pertenciam a Arena, vereadores do município quase todos estavam alinhavados nas hostes arenistas, prefeito também era da Arena... Puxa! Quanta Arena! E olha que naquela oportunidade tínhamos duas Arenas, a 1 e a 2. Era o tempo em que, aqueles que não filosofassem e compartilhassem com a “família dos arenáfilos”, eram chamados de oposicionistas de esquerda e se encaixavam principalmente no MDB (Movimento Democrático Brasileiro), enquanto aqueles que se apoiavam e bajulavam os mandatários majoritários, enquadravam-se nas alas da ARENA (Aliança Renovadora (?) Nacional), a “situação nacionalizada” onde todos comungavam com os mesmos ideais filosóficos e comiam na mesma panela, a chamada “farinha do mesmo saco”.
Enfim, com tantas Arenas da vida, a maioria absoluta dos arenistas ficavam vivendo no mundo dos “arenáticos”! Para não dizer, “lunáticos”! Não se preocuparam absolutamente em nada com o pedaço de chão gloriadouradense, muito menos com os habitantes de Glória de Dourados. O município perdeu demasiadamente com esta fatídica separação, porém, existem políticos daquela enfadonha época que por incrível que pareça, acabou perdendo muito mais! Aliás, tem políticos daquela oportunidade que não conseguiram encontrar nunca mais os caminhos das urnas... Esse é, portanto, o redemoinho da peçonhenta articulação política intransigente que faz desaparecer os políticos maquiavélicos e inservíveis que ‘maltratam’, burlam e tripudiam as leis.
*Radialista e Articulista do Fátima News
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