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Messias Furtado de Souza, mais conhecido como Dr. Messias, é o nosso segundo entrevistado da série com os futuros possíveis candidatos a prefeito, ou como melhor definiu o próprio entrevistado desta semana, os ‘candidatos a candidato’. O primeiro foi Gel Faccina, cujo material teve boa repercussão. A equipe do Ivinhema Online foi até Fátima do Sul, onde foi bem recebida pelo delegado.

Dr. Messias tem 47 anos, é natural de Iepê-SP, próximo à Presidente Prudente, oriundo de uma família humilde, já foi trabalhador braçal e teve dificuldades para se manter nos estudos, principalmente nas séries iniciais. Porém, sempre foi um amante do conhecimento e mesmo diante das adversidades lutou para se manter na escola.

Em 1985, aos 21 anos, logo que concluiu o antigo segundo grau, passou no concurso para a Secretaria de Educação de São Paulo, para o cargo de inspetor de alunos. Mas não se acomodou no primeiro emprego concursado e ai que começa sua história na área da segurança pública, quando em 1989 passou para investigador da Polícia Civil de São Paulo.

Atuando como investigador, despertou um grande interesse pelo universo das leis e ingressou na faculdade de direito, a qual concluiu em 1997. Logo no ano seguinte, prestou mais um concurso, desta vez para a Polícia Federal e como já era de praxe em sua trajetória de concurseiro, foi aprovado em todas as etapas e concluiu o curso de formação, mas não chegou a assumir.

Antes mesmo de assumir o cargo de agente da PF (um dos empregos mais cobiçados do Brasil, que além de oferecer uma ótima remuneração, ainda ostenta um inegável status social), passou em mais um concurso, este em Mato Grosso do Sul, para o cargo de Delegado da Polícia Civil.

Diante das duas excelentes opções de carreira, Dr. Messias optou em vir morar em nosso Estado. Inicialmente foi para o município de Angélica, onde cumpriu o estágio probatório e logo em seguida, já como delegado efetivado assumiu a Delegacia de Polícia Civil de Ivinhema, onde permaneceu de abril de 2000 à abril de 2010, quando se transferiu para Fátima do Sul.

É casado há 26 anos, tem dois filhos e conseguiu fazer com que a prole também se enveredasse pela sua área, tanto que o primogênito já se formou em direito e o mais novo está cursando.

Messias já viajou pelos Estados Unidos e Europa, tem uma ampla visão do mundo, tanto na teoria quanto na prática. Tamanho é o gosto por essa visão ampla, que seu hobby favorito é voar de ultraleve. E em 2012 pretende prestar mais um "concurso", para prefeito de Ivinhema, cuja prova prática é longa, com duração de três meses e o veredito é dado por milhares de avaliadores.

1) Ivinhema Online – O senhor foi delegado da Polícia Civil por vários anos no município de Ivinhema. Desta forma, como avalia estes anos de trabalho?

Dr. Messias - No geral minha estadia em Ivinhema foi frutífera. Durante os 10 anos que estive à frente da delegacia conseguimos resolver todos os crimes de repercussão e de autoria desconhecida. É claro que tudo não se deve apenas a mim, e sim do trabalho em equipe, que por sinal era muito bem afinada.

Sempre procurei ser bem atuante na cidade, tanto que participei como coodenador do trabalho dos detentos na construção da Acaiv (Amigos da Criança e do Adolescente de Ivinhema), que é uma instituição gerida por uma sociedade civil em parceria com a prefeitura.

2) Ivinhema Online – Teve algum caso que marcou na sua história como delegado em Ivinhema?

Dr. Messias - Teve sim, um homicídio de um cidadão chamado Olímpio, um caso intrigante na época, em 2002, quando eu tinha pouco mais de dois anos como delegado. Tivemos que prender gente até em cidades do Estado de São Paulo, como Gabriel Monteiro e Birigui.

A vítima foi seqüestrada, morta e jogada as margens da rodovia. Após algum tempo de investigação descobrimos que a mandante foi a própria mulher, que contratou um pistoleiro de outro estado para dar fim no marido e ficar com a herança.

Mas também deve outro caso de repercussão, do qual eu mesmo fui vítima. Minha casa foi invadida, fui amarrado e levaram até a minha arma. O crime foi realizado por uma quadrilha que efetuou diversos assaltos pela cidade e região, mas felizmente conseguimos prender todos.

3) Ivinhema Online – Como avalia o desenvolvimento sócio-econômico em Ivinhema e o que pensa com relação aos próximos anos?

Dr. Messias - Quando conheci Ivinhema, há mais de 10 anos atrás, a cidade era realmente um lugar de pouquíssimas perspectivas. A instabilidade política que se estendeu por várias anos fazia minguar as esperanças da população.

Porém a redenção do município veio com a instalação da usina de álcool do grupo Adecoagro, que a princípio seria instalada no distrito de Amandina, mas por forças políticas acabou indo para o município de Angélica.

Mesmo instalada na vizinha Angélica, devido a proximidade a usina gerou uma verdadeira revolução sócio-econômica. Isso aqueceu a economia local e deu início a instalação de um pequeno parque industrial na cidade.

E como já está em andamento a instalação de outra usina do mesmo grupo, agora no município de Ivinhema, existe a perspectiva da geração de mais de 2000 empregos diretos, sem falar nos indiretos. Certamente, quando estiver pronta dará uma injeção cavalar no desenvolvimento local.

O investimento apesar de gerar boas perspectivas, também gera uma preocupação, com relação à capacitação do trabalhador ivinhemense. Será que ele está apto para assumir as vagas que serão abertas? Creio que não.

Os futuros administradores da cidade terão que se preocupar com essa questão. Os moradores da cidade são os que precisam ser contemplados com essas vagas, e para isso, vão precisar de capacitação. Por isso há a necessidade de um projeto que faça uma perfeita fusão entre cidade e cidadão.

4) Ivinhema Online – Como avalia a segurança pública em Ivinhema atualmente?

Dr. Messias - Eu considero como razoável, uma das coisas que mais atrapalham a segurança no município e o fato dela ser sobrecarregada por crimes que não ocorrem em Ivinhema, como é o caso das apreensões feitas pela PRE de Amandina. Mas como a ocorrência é registrada em Ivinhema, a investigação é feita pela delegacia da cidade e os detidos também são levados para a mesma delegacia.

Tudo isso gera um inchaço na pouca infra-estrutura existente, a PRE consome a energia tanto do poder policial quanto do judiciário. No caso do judiciário, ocorre que o réu preso tem prioridade, logo esses processos “furam a fila” de outros.

A Polícia Militar que deveria ficar focada no trabalho ostensivo, fica ocupada levando e buscando presos da delegacia para o fórum. Isso é muito lesivo para a segurança de Ivinhema, cuja solução dos problemas locais fica para depois, já que estes como citei anteriormente perdem a vez para os casos de apreensões.

Uma das soluções seria o incremento do aparato policial, de modo que este ficasse de acordo com a demanda. E isso se resolve com política.

O Estado

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