A cantora Daniela Mercury, que assumiu neste ano um relacionamento com outra mulher, a jornalista Malu Verçosa, postou em sua página no Instagram nesta terça-feira uma foto na qual beija a sua companheira em resposta às manifestações do deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que pediu a retirada de duas jovens de um culto religioso após elas se beijarem em público. "Valeu, Yunka e Joana. Só uma pergunta: é proibido beijar no Brasil, é?", publicou a cantora, se dirigindo a Joana Palhares, 18 anos, e Yunka Mihura, 20, expulsas do evento gospel Glorifica Litoral, realizado em São Sebastião, no litoral paulista, no último domingo.
A confusão ocorreu durante um protesto contra o pastor, que contou com um beijaço protagonizado pelas jovens. Durante o ato, porém, Feliciano teria pedido para guardas municipais coibirem os beijos. Ao menos quatro guardas municipais cercaram as meninas e o grupo de amigos que as acompanhava. A abordagem foi filmada por uma testemunha e publicada na internet nesta segunda-feira.
Em sua página pessoal no Facebook, Joana Palhares acusou os guardas de agressão pelo modo como ela foi conduzida. "Nunca imaginei que seria agredida, violentada, algemada e presa por beijar uma mulher em publico!! Vergonha de fazer parte dessa sociedade de merda!!! Estou com nojo do meu país e principalmente da minha cidade ", desabafou a jovem.
Sobre as denúncias, a prefeitura de São Sebastião informou que o caso seria apurado pela corregedoria da Guarda Civil Municipal. Ainda de acordo com a prefeitura, a GCM agiu em cumprimento do “artigo 208 do Código Penal Brasileiro - que prevê pena de detenção de um mês a um ano ou multa ao cidadão que zombar de alguém publicamente por motivo de crença ou função religiosa e impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso”.
Mais tarde, por meio de sua conta no Twitter, Feliciano também defendeu a liberdade de culto religioso. "Toda vez que indivíduos, adentram o local de culto, seja onde for, e atentam sem pudor contra nossos princípios, ferem nossos direitos. Indivíduos invadem o culto, desrespeitam crianças, idosos, agridem as autoridades, chutam os policiais, e por fim dizem ser vitimas?", disse.
Para explicar aos seus seguidores o ocorrido, o deputado fez uma comparação com o futebol. "Final de copa, Argentina e Brasil, quatro argentinos tendo sua arquibancada, vem sentar entre os brasileiros, e começam a xingá-los, imagine. Ou são loucos e necessitam de tratamento mental urgente, ou são baderneiros que querem 5 minutos de fama ou querem briga", disse, completando em outra publicação: "ou a terceira opção. Alguém esta por trás disto usando estes indivíduos como massa de manobra para tentar desestabilizar a ordem".
Após a confusão, as duas jovens foram encaminhadas ao 1º Distrito Policial e lá o delegado de plantão decidiu registrar a ocorrência apenas como averiguação.
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