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Brasil pode ter nova epidemia de dengue em 2010, alertam especialistas

22 Dez 2009 - 10h14Por Uol

O Brasil corre grande risco de viver uma nova epidemia de dengue em 2010. A opinião é de especialistas consultados pelo UOL Notícias, que apontam a falta de ações de combate à doença. "É muito provável termos uma epidemia se as prefeituras não se sensibilizarem, pois a doença já está se prenunciando", aponta o epidemiologista José Ricardo Pio Marins, da Universidade de Brasília (UnB). "A dengue é um doença muito difícil de se controlar. Se as prefeituras não cuidarem, pode acabar ocorrendo uma epidemia de maior monta", diz ainda o epidemiologista Roberto Medronho, chefe do departamento de medicina preventiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Relatório divulgado no fim de novembro pelo Ministério da Saúde apontou um aumento de 47% - de 76 para 112 - no número de cidades com altos índices de infestação por larvas do Aedes aegypti (mosquito transmissor da doença) neste ano, em comparação com 2008. Os dados, coletados entre outubro e novembro últimos, dispararam o alerta de um possível surto da doença em 102 cidades, incluindo 17 capitais, e colocaram no nível de risco outras 10 cidades (ver tabelas).

A presença em excesso das larvas nos meses que antecedem o verão pode significar um alto risco de epidemia da doença. Entre janeiro e maio, devido às altas temperaturas, o ciclo de desenvolvimento do Aedes aegypti cai de 30 para 12 dias. Ou seja, a população do mosquito pode crescer rapidamente. Segundo o ministério, 70% dos casos de dengue ocorrem neste período.

Para o ministério, no entanto, a situação de vulnerabilidade existe, mas não deve se configurar em uma epidemia. "O fato de ter mosquitos não quer dizer que vai ter uma epidemia, e que esses indicadores vão persistir. Ações já estão sendo colocadas em prática para controlar isso", diz Giovanini Coelho, coordenador do programa de dengue do órgão.

Capitais em alerta para possível surto de dengue

Rio Branco (AC)
Rio de Janeiro (RJ)
Porto Velho (RO)
Salvador (BA)
Goiânia (GO)
Belo Horizonte (MG)
Belém (PA)
Maceió (AL)
Brasília (DF)
Recife (PE)
Vitória (ES)
Aracaju (SE)
Manaus (AM)
São Luiz (MA)
Boa Vista (RR)
Fortaleza (CE)
Natal (RN)

Mas o que se vê em alguns locais do país parece estar longe de um quadro controlado. Em Mato Grosso, a Secretaria de Estado de Saúde havia contabilizado, somente até o início deste mês, um acréscimo de mais de 320% nas notificações de casos de dengue neste ano, em comparação com o mesmo período de 2008. Ao todo, 48 mortes pela doença já haviam sido confirmadas. Para os especialistas, isso já pode ser considerado um surto.

Explicações
O aumento da incidência da larva do mosquito coloca em risco os bons indicadores já conquistados, como a queda de mais de 46% no número de casos de dengue neste ano, entre janeiro e agosto, ante o mesmo período de 2008. Já as mortes causadas pela doença nas 30 primeiras semanas do ano caíram 63,2% - houve 166 óbitos em 2009, enquanto no mesmo período do ano passado foram registradas 451 mortes.

Para Pio Marins, houve um relaxamento nas ações de controle do Aedes aegypti, depois da epidemia de febre amarela do ano passado. O mosquito também é vetor dessa doença, mas em menor escala. "O risco da febre amarela fez com que houvesse um controle mais intenso, o que repercutiu também nos bons índices de transmissão da dengue", avalia.

Já para Coelho, a disparada se deve às próprias condições estruturais das cidades brasileiras. "O mosquito se prolifera em criadouros artificiais, como caixas dágua, tonéis, lixo acumulado. Essas vulnerabilidades contribuem para a manutenção do mosquito e, além disso, tornam seu controle mais complexo", explica.

Ele defende ações coordenadas com outros setores para evitar a proliferação da doença. "O controle da dengue não é responsabilidade só do setor de saúde, mas de várias áreas. Os criadouros em depósitos de armazenamento de água terão uma solução definitiva quando se resolver o problema de abastecimento. O problema do lixo não vai ser do setor de saúde, por isso o grande desafio é essa ação intersetorial."

Municípios com possível risco de dengue

Camaçari (BA)*
Ilhéus (BA)
Itabuna (BA)*
Mossoró (RN)*
Governador Valadares (MG)
Ipatinga (MG)
Barretos (SP)
Presidente Prudente (SP)
Palmas (TO)
Cáceres (MT)
  • *Cidades que já estavam em situação de risco de surto em 2008

Para o Ministério da Saúde, parte da culpa é ainda das chuvas excessivas deste ano que castigaram muitos locais do país. "O que contribui foram as condições meteorológicas. Houve muita chuva, que colaborou para a maior incidência das larvas", afirma Coelho.

Pio Marins concorda que o aumento das chuvas colaborou para o aumento dos criadouros, mas não culpa o mau tempo pela proliferação do mosquito. "Não vi ações mais enérgicas para evitar isso. Era esperado que acontecesse, sabemos que o inseto está na região, é só ter as condições que ele cresce. É uma coisa previsível, um tipo de epidemia evitável, pois você sabe que vai ter, que tem doente, que tem inseto, mas não toma as medidas."

Para ele, faltou uma ação contínua das prefeituras para evitar a infestação pelo mosquito, que é ainda maior quando a chuva aumenta. Medronho compartilha da mesma opinião. "No combate a dengue, o principal problema é a gestão do controle no nível municipal, não se faz as visitas adequadamente, não se educa a população. Aí chega o verão e vem a epidemia, que uma vez instalada é difícil de se controlar", diz. "É necessário fazer o controle, trabalhar o ano todo, especialmente fora da época, para que não haja acúmulo de criadouros e evitar a proliferação quando chegar o verão", continua.

Mas apesar de a execução das ações contra a dengue ser de responsabilidade de cada prefeitura, os especialistas apontam que parte do problema diz respeito ao Ministério da Saúde. Para eles, questões políticas - "amigos" e "padrinhos" que fazem vista grossa - ficam no meio do caminho entre o que deve ser feito e o que acontece na prática. "As prefeituras têm a responsabilidade mais imediata, mas o ministério tem que capitanear essas ações. Ele tem mecanismos de pressão para induzi-las, porque tem os recursos, mas tem tomado ações muito políticas e pouco técnicas", avalia o epidemiologista da UnB.

Essas questões políticas impedem que se tenha uma fiscalização adequada das ações municipais, na avaliação de Medronho. "É preciso supervisionar se o dinheiro repassado está sendo usado para isso, se as prefeituras estão executando as ações previstas. A cobrança das ações é um problema político

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