O pecuarista José Carlos Bumlai, 66, se declarou "surpreso" com o resultado de perícias do Ministério Público Federal que apontam superfaturamento de R$ 7,5 milhões na compra, pelo Incra-MS, de sua fazenda em Corumbá (MS).
O resultado levou a Justiça Federal a conceder uma liminar suspendendo imediatamente o pagamento de TDAs (títulos da dívida agrária) referentes à compra da propriedade de 4.683 hectares.
Amigo do presidente Lula e membro do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) do governo, Bumlai vendeu a fazenda São Gabriel e todas as benfeitorias por R$ 20.920.783,58.
Em valores da época, segundo a perícia da Procuradoria, a propriedade valia R$ 13.355.146,81.
A área hoje abriga um assentamento com 274 famílias. "Estou surpreso com tudo isso. Eu não vendi nenhuma fazenda superfaturada a ninguém", disse Bumlai.
O pecuarista diz que a negociação "não foi aleatória". "Houve audiência pública, registro público de preços. Aos vizinhos, foi facultada a possibilidade de ofertas melhores. Cinco anos depois, tudo isso não vale mais nada?"
A São Gabriel foi subavaliada, na opinião de Bumlai. "É uma fazenda na beira do asfalto, com quilômetros de cercas de aroeira. Eu queria receber mais."
As benfeitorias (R$ 4,3 milhões) foram pagas à vista. O restante foi convertido em TDAs resgatáveis em até dez anos. Segundo a Procuradoria, Bumlai recebeu R$ 14,2 milhões pelo negócio até o momento.
INCRA
Em carta encaminhada à Folha, o presidente do Incra, Rolf Hackbart, disse que a avaliação do imóvel de Bumlai "foi realizada com metodologia adequada e de acordo com a legislação e as normas vigentes".
"Os servidores do Incra fizeram ampla comparação de mercado com imóveis rurais da região", diz Hackbart em um trecho da carta.
Na avaliação de campo, segundo Hackbart, a localização da fazenda (45 km de Corumbá) foi classificada como "ótima". "O solo também foi considerado de excelente qualidade."
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