A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) prepara para o segundo semestre de 2005 a primeira colheita experimental de um algodão com genes da teia de uma aranha brasileira. A novidade foi divulgada ontem em Florianópolis (SC), durante o 50º Congresso Brasileiro de Genética, promovido pela SBG (Sociedade Brasileira de Genética).
A intenção é ter genes da aranha funcionando no capulho, a cápsula dentro da qual se forma o algodão. "Esperamos que a proteína [da teia] faça parte da composição da própria fibra", explica o biólogo da Embrapa Elíbio Rech.
Com o truque genético, os cientistas esperam desenvolver uma fibra mais flexível e resistente --duas características da teia, até hoje não sintetizada pelo homem-- para prover inicialmente a indústria têxtil. "O maquinário das fábricas avançou de forma muito rápida e pede um material mais resistente", afirma Rech. O algodão se rompe com facilidade nessas máquinas, diz.
O novo tecido poderia ser usado para a confecção de roupas esportivas e equipamentos de segurança, por exemplo. Hoje, coletes à prova de bala são produzidos com Kevlar, fibra artificial cinco vezes mais forte do que o aço. A aranha produz, naturalmente, um material três vezes mais resistente do que o Kevlar --e mais leve.
Não à toa o projeto da Embrapa despertou a atenção do Ministério da Defesa, que apóia o trabalho. Quatro universidades públicas (USP, Unicamp, Unifesp e UnB), além do Instituto Butantan, participam da iniciativa.
Biorreatores
O algodão transgênico é apenas parte dos planos da Embrapa para a teia de aranha. A instituição experimenta também outras formas de síntese do material. Entre elas, está a utilização de bovinos como biorreatores --animais com a capacidade de produzir o polímero no leite.
Três fetos já foram criados na fazenda da Embrapa no Distrito Federal --dois foram abortados para análise pelos pesquisadores e um morreu no parto. "O importante é que detemos a tecnologia no país", disse Rech.
Biorreatores para a produção de teia de aranha não são novidade no mundo. Em 2002, uma empresa canadense, a Nexia Biotechnologies, obteve filamentos de teia derivados de proteínas obtidas no leite de cabras transgênicas.
Para aplicar a mesma tecnologia no Brasil sem esbarrar em patentes estrangeiras, a Embrapa trabalha apenas com espécies nativas de aranha.
Até agora, ela seqüenciou o código genético da teia produzida por uma espécie da mata atlântica --cujo nome Rech prefere não divulgar, pois o pedido de patente ainda não foi depositado. "A teia produzida por essa aranha tem uma estrutura diferente da determinada em patentes americanas", diz o biólogo.
O plano é decifrar o genoma de mais duas espécies, uma da Amazônia e outra do cerrado. "Assim também agregamos valor à biodiversidade brasileira."
Abracadabra
O congresso foi aberto anteontem na capital catarinense e vai até amanhã. Segundo a organização, há 2.634 inscritos, dos quais 1.997 são estudantes. "O congresso tem essa característica, de inspirar os estudantes", disse o presidente da SBG, Pedro Galetti Jr.
Tradicionalmente, é realizada uma palestra para abrir o evento. Neste ano, a organização preferiu contar com a apresentação de um mágico, que comparou seu trabalho com o dos geneticistas. "Com a diferença que os geneticistas desvendam segredos para depois divulgá-los", disse o mágico Bianco para a platéia. "Nem sempre", respondeu baixo uma espectadora sentada ao lado da reportagem.
A intenção é ter genes da aranha funcionando no capulho, a cápsula dentro da qual se forma o algodão. "Esperamos que a proteína [da teia] faça parte da composição da própria fibra", explica o biólogo da Embrapa Elíbio Rech.
Com o truque genético, os cientistas esperam desenvolver uma fibra mais flexível e resistente --duas características da teia, até hoje não sintetizada pelo homem-- para prover inicialmente a indústria têxtil. "O maquinário das fábricas avançou de forma muito rápida e pede um material mais resistente", afirma Rech. O algodão se rompe com facilidade nessas máquinas, diz.
O novo tecido poderia ser usado para a confecção de roupas esportivas e equipamentos de segurança, por exemplo. Hoje, coletes à prova de bala são produzidos com Kevlar, fibra artificial cinco vezes mais forte do que o aço. A aranha produz, naturalmente, um material três vezes mais resistente do que o Kevlar --e mais leve.
Não à toa o projeto da Embrapa despertou a atenção do Ministério da Defesa, que apóia o trabalho. Quatro universidades públicas (USP, Unicamp, Unifesp e UnB), além do Instituto Butantan, participam da iniciativa.
Biorreatores
O algodão transgênico é apenas parte dos planos da Embrapa para a teia de aranha. A instituição experimenta também outras formas de síntese do material. Entre elas, está a utilização de bovinos como biorreatores --animais com a capacidade de produzir o polímero no leite.
Três fetos já foram criados na fazenda da Embrapa no Distrito Federal --dois foram abortados para análise pelos pesquisadores e um morreu no parto. "O importante é que detemos a tecnologia no país", disse Rech.
Biorreatores para a produção de teia de aranha não são novidade no mundo. Em 2002, uma empresa canadense, a Nexia Biotechnologies, obteve filamentos de teia derivados de proteínas obtidas no leite de cabras transgênicas.
Para aplicar a mesma tecnologia no Brasil sem esbarrar em patentes estrangeiras, a Embrapa trabalha apenas com espécies nativas de aranha.
Até agora, ela seqüenciou o código genético da teia produzida por uma espécie da mata atlântica --cujo nome Rech prefere não divulgar, pois o pedido de patente ainda não foi depositado. "A teia produzida por essa aranha tem uma estrutura diferente da determinada em patentes americanas", diz o biólogo.
O plano é decifrar o genoma de mais duas espécies, uma da Amazônia e outra do cerrado. "Assim também agregamos valor à biodiversidade brasileira."
Abracadabra
O congresso foi aberto anteontem na capital catarinense e vai até amanhã. Segundo a organização, há 2.634 inscritos, dos quais 1.997 são estudantes. "O congresso tem essa característica, de inspirar os estudantes", disse o presidente da SBG, Pedro Galetti Jr.
Tradicionalmente, é realizada uma palestra para abrir o evento. Neste ano, a organização preferiu contar com a apresentação de um mágico, que comparou seu trabalho com o dos geneticistas. "Com a diferença que os geneticistas desvendam segredos para depois divulgá-los", disse o mágico Bianco para a platéia. "Nem sempre", respondeu baixo uma espectadora sentada ao lado da reportagem.
Folha Online
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