"O crime vem crescendo ao longo dos anos. Mesmo com repressão, tem evolução de crescimento", afirmou o superintendente da associação, José Luiz Santolin.
A segurança no transporte rodoviário de passageiros foi discutida na quarta-feira (10) em Brasília em seminário promovido pela Polícia Rodoviária Federal, Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Abrati. A idéia é unir esforços no combate ao crime.
"É preciso que haja participação e colaboração de todos os órgãos envolvidos para que a gente possa enfrentar organizadamente esse tipo de delito", diz o inspetor Altair Benites, da Polícia Rodoviária Federal.
Hoje, a Polícia Rodoviária Federal possui sete mil homens para fiscalizar os quase 60 mil quilômetros de rodovias brasileiras. O efetivo ainda não é suficiente, segundo o inspetor. Benites contou que a polícia procura promover ações de inteligência para evitar os crimes e prender as quadrilhas. "Quando identificamos algum ponto crítico trabalhamos na área de inteligência", explica. Ele disse que no ano passado 50 pessoas foram presas no Entorno do Distrito Federal e Goiás e Minas Gerais por praticar assaltos em estradas.
Novas regras para penas
Mas, segundo Santolin, da Abrati, a prisão não é suficiente, pois os criminosos ficam cerca de 30 dias presos e voltam a praticar assaltos nas estradas. Ele defende a federalização desse tipo de crime.
"É um crime que não pode ser considerado comum. Hoje, ele é altamente praticado e precisa ser federalizado para que receba um tratamento de repressão de combate nos moldes que hoje são aplicados ao tráfico, ao contrabando, ao descaminho, enfim, a crimes que extrapolam um estado ou uma rodovia", afirma. "Esse crime hoje compensa, porque o combate a ele é disperso, desordenado e sem uma legislação punitiva", completa.
De acordo com a Abrati, os assaltos ocorrem mais durante à noite no Entorno do Distrito Federal e Goiás, Triângulo Mineiro, Pará, Maranhão, Bahia e Pernambuco. "São pessoas submetidas a constrangimento, humilhações e violência de toda ordem", afirma.
Constrangimento e medo foi o que passou a publicitária Mariana Ferreira. No Carnaval de 2000 ela deixou Brasília em direção a Porto Seguro. Durante o caminho, em uma estrada da Bahia, o ônibus onde estava foi abordado por assaltantes, que entraram no veículo armados e mascarados. Por mais de três horas, os homens levaram jóias, dinheiro e objetos pessoais dos passageiros. "Senti medo e fiquei muito preocupada uma vez que tiraram o ônibus da estrada e levaram para um lugar ainda menos movimentado e escuro. Não sabia o que ia acontecer. Depois foi uma sensação muito grande de impotência porque a gente não tinha a quem recorrer, de não ter quem olhasse por a gente", conta.
José Antônio Schimidtt, da ANTT, também participou do seminário. Segundo ele, esse tipo de delito é um problema mais profundo e sério e acredita que a má conservação das estradas também contribua para aumento da criminalidade nas rodovias brasileiras. "O assaltante pode cometer crime a pé", diz. Schimit defende que para tentar solucionar o problema é necessário aumento da fiscalização e dos recursos humanos.
Terra Redação
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