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Gestantes denunciam indução de parto em hospitais públicos de MS

Mulheres relataram passar por situações semelhantes de atendimento

27 Jan 2015 - 07h38Por G1

Entre idas e vindas na Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande, a professora Viviane Santos Rodrigues, 27 anos, ficou cinco dias (com fortes dores e dificuldade para caminhar) aguardando a realização do seu parto. A situação, conforme depoimento de gestantes ao G1, estaria também ocorrendo em outros hospitais da cidade, por conta da indução do parto normal. Questionada, a Santa Casa diz que desconhece o fato, como também informaram não receber nenhuma denúncia a Materninade, o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS) e o Sindicato dos Médicos (Sinmed/MS).

"Mesmo explicando para o médico que o colo do útero dela não abria, ele aplicou os comprimidos. No entanto, às oito da noite do outro dia ela não tinha dilatação e recebeu alta médica, sendo que ainda estava com soro.  Em meio ao desespero pedi ajuda para um amigo que trabalha em um hospital em São Gabriel do Oeste. Tive que sair daqui e ir até lá para realizar a cesárea", afirma o marido da professora, o auxiliar de produção João Farias, 26 anos.

O jovem acompanhou toda a peregrinação da esposa. “A gente fica nos corredores e vê que um plantonista fica jogando para o outro, sendo que um deles até ironizou a minha mulher pedindo para ela dar um passeio e aguardar o momento. Acontece que ela não consegue urinar, nem evacuar e eles sabiam que o colo do útero não iria abrir para o procedimento”, explicou Farias.

Na ocasião, a professora estava com 39 semanas, do terceiro filho. “Não posso jamais ter parto normal, por conta da retirada da minha bexiga na primeira gestação. Fiz todo o meu pré natal aqui e os médicos sabem, mas, mesmo assim, ficam me passando medicamento para dor e dizendo que tenho condições de passar pelo parto normal”, garante a professora.

Próximo ao casal, na enfermaria 01, estava a estudante Viviane Pereira Rossati, 19 anos. Ela deu entrada na maternidade na segunda-feira (19) e já foi alertada pelo especialista sobre a sua situação.

“Eu não aguento de dor. Cheguei aqui às 5h de ontem, mas me transferiram para o Hospital Universitário (HU) e de lá eu fui mandada embora porque não tinha pediatra”, garante a jovem.

Em casa, sem conseguir dormir, ela começou a perder líquidos e pediu socorro do Corpo de Bombeiros. Eles a encaminharam novamente para a maternidade nesta terça-feira (20). “Eu não me encaixo no perfil de parto normal porque não tenho líquido suficiente. Há poucos minutos, um médico veio aqui e disse apenas que vai me deixar tomando soro e, se o outro médico quiser, irá me internar”, ressalta.

Gestante explicou a situação, mas ficou aguardando por parto normal (Foto: Graziela Rezende/G1 MS)Gestante ficou aguardando por
parto normal (Foto: Graziela Rezende/G1 MS)

Preocupada com a filha, a cozinheira Lurdes Pereira Rossati, 50 anos, diz que os profissionais sabem da situação, mas fazem 'vistas grossas'. “A menina não dorme, não come e as pessoas falam que ela está bem e apenas precisa de soro. Temos que ficar aguentando esta situação”, fala Rossati.

Fuga do hospital
Dias antes, a equipe esteve no Hospital Santa Casa e o depoimento das gestantes é semelhante. Exausta pela condição degradante que presenciou por quatro dias no Hospital Santa Casa de Campo Grande, a cozinheira Raphaela da Silva Torees, de 27 anos, “fugiu” do local no dia 5 de janeiro, sem alta médica.

Ao G1, a paciente, grávida de 33 semanas, disse que foi internada com o diagnóstico de pressão alta. No entanto, a equipe médica insistiu que ela e outras oito mulheres fizessem a indução do parto.

“Entre os médicos, ficou combinado que eles não fariam cesárias temporariamente na Santa Casa, principalmente porque o Centro Cirúrgico está com infecções. Acontece que eu fiz todo o meu tratamento no Hospital Regional e eles disseram que eu jamais poderia passar por uma cesária, por ter problema de pressão alta. Então eu pedi alta médica e o médico não quis me dar, quando eu decidi sair do hospital mesmo assim”, afirma a cozinheira.

Trauma
Em outro quarto, permaneceu por 13 dias a dona de casa Danuza Carneiro de Souza, 32 anos. Traumatizada ao comentar sobre o nascimento da filha, ela disse que não pretende passar por outra gestação. “Eu tive o meu bebê sentada, já quase sem forças e não me esqueço do momento em que o médico subiu em cima de mim para forçar ainda mais o parto. É algo traumatizante, humilhante demais para a mulher”, avalia Souza.

No dia 30/12, quando foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) com 'pico de pressão alta', a dona de casa disse que foi levada para o hospital e teve que ameaçar sair do local (sem alta médica), para receber atendimento.

“Infelizmente tive que brigar, fazer escândalo, para chamar a atenção sobre a dor que eu estava passando naquele momento. Foi quando falaram de alterações na minha pressão e por este motivo eu passaria por um parto induzido. Até o momento, nem sabia o que era aquilo, mas me aplicaram ao todo seis comprimidos e a partir daí foram dias de muitas dor”, garante.

Já no dia 7 de janeiro, por volta das 8h, a mulher foi levada para a sala de pré parto. Aplicaram soro na minha veia e a minha filha nasceu às 2h18 da madrugada. “Pedi para fazerem a cesariana, no limite da dor, pois sabia que já havia passado por um aborto e tinha restrições, mas eles forçaram até que eu fizesse o procedimento deles”, finaliza a dona de casa.

Mulher diz que não saíria de hospital como forma de protesto (Foto: Graziela Rezende/G1 MS)Mulher diz que não saíria de hospital como forma de protesto (Foto: Graziela Rezende/G1 MS)

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