“Minha família nasceu de novo”, desabafa vítima de grave acidente com o marido e os 4 filhos

 

Sem ninguém esperar, o percurso foi interrompido com um susto que Fernanda diz querer esquecer. “Foi tudo muito rápido, não me lembro de nada, só do instante que ouvi do meu marido apenas a palavra ‘cavalo’ e quando ocorreu a colisão. Quando olhei para os lados e vi sangue por todo lado, além do carro todo destruído e o cavalo morto, achei que tivesse chegado a nossa hora”.

 

Fernanda estava no banco de trás com os filhos. A bebê, que estava no colo, começou a chorar e também estava ferida com os estilhaços de vidro do para-brisas que quebrou com o forte impacto do cavalo, que ao bater no carro morreu na hora. “Dos meus quatro filhos, apenas a minha filha de 13 e o filho de 8 se machucaram mais. Ela cortou a testa e teve que dar três pontos, além ainda que três dentes amoleceram e dos arranhões em várias do corpo. Já o menino também teve um corte que precisou dar ponto”, afirma.

O susto maior foi com o marido e o cunhado que estavam no banco da frente. “A parte da frente do carro afundou. Por sorte, nada de grave aconteceu com os dois. O meu marido machucou apenas a mão, porque precisou ajudar o meu cunhado a sair do carro”, relata Fernanda que as lesões que a maioria sofreu foi os cortes provocados pelos estilhaços de vidro. “Até a bebê estava cheia de estilhaços e tivemos que dar banho nela no hospital, assim como nos outros maiores”, diz.

 

Foi uma sensação horrível que não desejo para ninguém

Pela primeira vez se envolvendo em um acidente de trânsito, Fernanda diz que tenta superar o trauma vivido junto à família. “Foi uma sensação horrível que não desejo para ninguém. De repente, fomos surpreendidos com um cavalo solto na pista que poderia ter provocado uma fatalidade. Como se costuma ouvir quando ocorre um acidente, meu marido, que dirigia o carro, não estava em alta velocidade e além do mais não ingere bebida alcoólica. Se tivéssemos correndo, certamente teríamos morrido naquele dia”, relata Fernanda.

A indignação de Fernanda é que até hoje, segundo ela, o dono do cavalo não apareceu. “É revoltante ver o descaso de algumas pessoas que deixam seus animais soltos. Não apenas com a minha família, mas uma fatalidade poderia ter acontecido. O correto é prevenir antes que o pior aconteça”, diz a entrevistada ao falar que no dia do acidente uma mulher, que parou para ajudá-los, estava fazendo o retorno na tentativa de tirar o cavalo da pista.

 

Fernanda chora a perda do pai e de uma irmã que morreram após acidente

“Ele era um paizão. Sinto falta dele em tudo”. A frase emocionada de Fernanda é marcada pela saudade eterna do pai Lorival Ferreira dos Santos, que aos 56 anos de idade, morreu vítima de um trágico acidente no dia 22 de janeiro de 2014.

O pai é quem dirigia um Fiat Uno da família e seguia na companhia da esposa e uma das filhas com destino a Cianorte (PR) para fazer compras. Na altura do km 17 da MS-480, no município de Anaurilândia, eis que o pior aconteceu após uma capivara cruzar a pista.

Na tentativa de desviar do animal, Lorival perdeu o controle da direção do veículo que capotou cerca de seis vezes até sair da pista. O pai de Fernanda morreu na hora, enquanto que a mãe saiu ilesa do acidente e foi quem pediu para socorro para a filha Sônia dos Santos, à época com 32 anos de idade.

 

Sônia, a irmã mais velha de Fernanda, foi arremessada para fora do carro e sofreu uma grave lesão na coluna. No mesmo dia do acidente, ela foi transferida para o Hospital da Vida, em Dourados, e após quase 4 meses internada, mais precisamente no dia 18 de maio, veio a óbito. “Foram dias intermináveis de espera na tentativa que ela se recuperasse e voltasse para casa. Os familiares se revezavam para ficar perto dela. Devido ao seu estado de saúde, nem contamos a ela que o nosso pai tinha morrido. Era muito difícil vê-la naquela situação ao saber ainda que, mesmo que sobrevivesse, não voltaria a andar, porque ficou paraplégica após o acidente”.

 

A lembrança de uma saudade sem fim também da minha irmã mais velha, é para Fernanda, uma dor que nunca se apaga. “Eu era muito apegada a ela. A Sônia era uma pessoa sempre sorridente e de bem com a vida”, conta a entrevistada ao falar que a irmã deixou 4 filhos que hoje são cuidados pela mãe.

“Mesmo faltando uma parte de mim com o meu pai e minha irmã que se foram, minha família está em primeiro lugar. Agradeço a Deus a possibilidade de estarmos vivos após o acidente em que eu, meu marido e meus filhos se envolveram. Quem vê o carro não imagina que hoje estamos aqui para contar essa história”, expõe Fernanda. “Ninguém está livre de se envolver em um acidente, mas cabe a cada um dirigir para você e para os outros”.