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SEM TETO

Mulher montou casa em ponto de ônibus há um mês. Prefeitura sabe, mas nada fez

Há cerca de um mês, uma moradora em situação de rua transformou a guarita em sua casa. Sobre ela, colocou a mala.

13 Nov 2019 - 10h51Por Extra

Sobre um tapete, a cama de solteiro com colcha, lençol e dois travesseiros. Ao lado, uma lixeira e uma mesinha de cabeceira rústica, feita com um pedaço de tronco, sobre ela uma vaso com flor como enfeite. Na outra ponta da cama, uma poltrona de tecido vermelho divide o espaço com uma cômoda de oito gavetas, também decorada com flores. Uma toalha aparece pendurada na parte de trás da cama. Há ainda uma cortina e um quadro na parede. O que parece a descrição de um quarto, na verdade, é um ponto de ônibus na Praça Nossa Senhora do Amparo, em Cascadura, Zona Norte do Rio. Há cerca de um mês, uma moradora em situação de rua transformou a guarita em sua casa. Sobre ela, colocou a mala.

— Ela foi recolhendo os móveis no lixo. Alguém deixou todos os objetos encostados numa calçada próxima, provavelmente para jogar fora, e ela recolheu, montou esse espaço e vive aqui desde então. Ela passa a maior parte do tempo dormindo, sem falar muita coisa com os outros moradores — conta um dos motoristas da linha 712 (Cascadura-Irajá), ônibus que tem o ponto final no terminal rodoviário da praça.

— Nós evitamos nos aproximar. Às vezes, ela parece muito agitada, não sabemos qual reação ela pode ter. Mas, se você reparar, todas as flores estão em garrafas com água, super bem cuidadas. É uma pena! Poderia ser uma jovem com um futuro melhor. Nós não sabemos o que cada um passou até chegar aqui, até viver nessa situação precária e desumana — observou uma moradora que não quis se identificar.

Na praça ao lado do terminal rodoviário, outros moradores em situação de rua também fazem do local sua moradia. Roupas de cama e colchões se acumulam ao lado de bancos e mesas de cimento. Na manhã de ontem, por volta das 10h30, muitos ainda dormiam sobre colchas e estrados de madeira. Também havia um carrinho de bebê e brinquedos espalhados pelo chão. Segundo moradores do bairro que passam pela praça, a situação à noite é ainda pior, quando o local está pouco iluminado e cerca de 20 pessoas usam o espaço como dormitório.

— Essa situação precisa ser resolvida. Nós nos sentimentos acuados, e eles causam essa desordem — afirma um homem que mora perto da praça e passa por ali para chegar ao trabalho: — Ando por aqui por falta de opção. Se pudesse, não passaria. Tenho medo.

Na praça ao lado do terminal, outros moradores de rua improvisam moradiaNa praça ao lado do terminal, outros moradores de rua improvisam moradia Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

Medo afasta passageiros da parada final

Outro motorista de ônibus que não quis se identificar afirma que muitos passageiros têm evitado embarcar nos coletivos no ponto final, com medo de assalto ou de serem atacados. Para ele, falta um trabalho de conscientização e de prevenção às drogas na cidade. O motorista acredita que o uso de substâncias químicas seja o fator determinante para manter essas pessoas nas ruas.

— Muitos deveriam ter uma vida comum, no convívio das famílias. Aí eles se envolvem com as drogas e vão alimentar o vício nas ruas. Aqui, por exemplo, a presença deles inibe os passageiros. Eu já estou há mais de 20 anos nessa profissão e sempre as pessoas preferem pegar o ônibus no ponto final, para irem sentadas. Mas aqui, muitos têm medo.

Secretaria diz que oferecerá acolhimento

Procurada, a Prefeitura do Rio admitiu que já estava ciente do caso e que uma equipe de abordagem da Secretaria municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH) vai oferecer acolhimento, mas destaca que a ação pode não ser aceita. “Pessoas em situação de rua podem aceitar ou não o acolhimento institucional, bem como não acompanhar a equipe de abordagem após o atendimento”, diz a nota enviada.

O texto aponta ainda que a SMASDH “trabalha em consonância com a Política Nacional de Assistência Social e suas diretrizes, que incluem a abordagem social e acolhimento com a população em situação de rua que são realizadas rotineiramente na cidade”.

Já a Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) do Rio não respondeu se será feita uma ação de fiscalização no local.

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