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ARTIGO

Professor Fatimassulense escreve último artigo de 2019 "10 anos de O Prossôr"

Para chegar a profissão de "professor" que tanto amo, nada foi fácil, mas valeu a pena cada dificuldade.

27 Dez 2019 - 11h28Por Redação Fátima News

Certa vez, quando retornava, de bicicleta, da escola para casa, ouvi quando um garoto falou em voz alta: “o prossôr” (forma abreviada como muitos estudantes chamam o professor). Olhei para o lado e ele acenava com a mão para mim, num gesto amistoso, carinhoso. Aquele ato, muito comum para quem é professor/professora, fez-me refletir por alguns minutos sobre como somos vistos pelos estudantes, muitas vezes como referências para suas vidas.

Para chegar a esta profissão que tanto amo, nada foi fácil, mas valeu a pena cada dificuldade. Cursei todo ensino básico em escolas municipais e estaduais de minha querida Fátima do Sul. Em julho de 2004 realizei o sonho de grande parte dos jovens brasileiros: prestar o vestibular para um curso universitário. No mês de agosto saiu o resultado, e eu havia ficado em 51 lugar para o curso de História da UFMS campus de Dourados (hoje UFGD), que oferecia 50 vagas. Eu que já havia me esforçado para fazer a prova precisei esperar mais 6 meses para a segunda chamada. Em fevereiro de 2005 recebi um telegrama que me convocava a fazer a matrícula. Fui o primeiro de uma geração de família humilde a ingressar em um curso superior.

Após 4 anos de muito estudo e muitas amizades construídas, no dia 9 de março de 2009 comecei a lecionar em minha terra-natal. Fui convidado para substituir minha ex-professora de História, do ano de 1997, Jussara Ribas. Serei sempre grato aos diretores escolares (Altair Albuquerque e Sônia Neves) que me proporcionaram mostrar meu trabalho, aplicar meus ideais na tentativa de construir um futuro melhor por meio da educação para crianças, jovens e adultos.

Nesses 10 anos de carreira - 6 como professor contratado e 4 de efetivo na rede estadual de ensino de Mato Grosso do Sul – tive diversas experiências. Ao iniciar, percebi que uma das manias de muitos estudantes era repetir em sala de aula uma das expressões da telenovela das 21 horas, da Globo, Caminho das Índias, “are baba”. Recentemente, testemunhei várias crianças e adolescentes repetirem o gesto de arma de fogo com as mãos, em alusão ao então candidato a presidente Jair Bolsonaro – algo que diminuiu drasticamente neste ano que se encerra, talvez por vergonha do governante que dirige a nação. São os modismos, as ondas que contagiam pessoas de todas as idades e classes sociais.

Já no início de minha carreira como docente, percebi que deveria fazer parte da luta sindical da Educação e filie-me ao SIMTED-FETEMS. Desde 2009 participo das lutas em busca de um ensino público de qualidade e da valorização dos profissionais. Nunca imaginei que experimentaria o ato absurdo do governo de Mato Grosso do Sul de cortar o salário dos professores contratados em 32%, enquanto para seus secretários e juízes estaduais concedeu reajustes nas já polpudas remunerações.

Nesses 10 anos também percebi que os profissionais da Educação têm inúmeros desafios. Não tenho dúvidas que é uma das profissões que mais deveriam ser respeitadas pelos dirigentes políticos. Enquanto os estudantes vivem ligados ao mundo virtual, digital, boa parte das escolas públicas brasileiras continuam atrasadas com seus computadores ultrapassados. Os quadros-verdes ou lousas brancas já deveriam ter sido substituídos por tecnologias mais sofisticadas há um bom tempo.

Como professor de História, ao longo desses 10 anos, sempre busquei focar minhas aulas de modo com o que o estudante conheça o passado como forma de compreender o presente e tentar planejar o futuro. Demonstrar que todos os seres humanos ajudam a construir o processo histórico, ensinando o respeito à diversidade faz parte de minha didática. Creio que ensinar o respeito, a luta por uma sociedade justa e igualitária, seja formar cidadãos melhores, e não doutrinação, como alguns líderes políticos têm entendido nos últimos anos.

Enfim, o Brasil tem muito que avançar no oferecimento de uma educação pública de qualidade. A luta por esse ideal deve ser de todos os profissionais desta área. Amar esta profissão, como eu a amo, é um caminho importante para chegarmos lá. Aos companheiros (as) de profissão boas férias, feliz 2020, feliz década nova.

Professor Wagner Cordeiro Chagas

Mestre em História pela UFGD, professor em Fátima do Sul e militante sindical.

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