Prezado leitor (a), a partir desta semana inicio uma série de artigos relacionados aos processos eleitorais ocorridos no estado de Mato Grosso do Sul, tanto para governador, quanto para deputados estaduais, federais e senadores. A ideia é contribuir com novos conhecimentos a respeito da história de nosso estado, por meio de textos curtos e simples. Este é o primeiro e tem como objetivo apresentar como se deu a primeira eleição para Assembleia Legislativa de MS, e também para os representantes do estado na Câmara dos Deputados e Senado Federal, em 1978.
Mato Grosso do Sul nasceu no dia 11 de outubro de 1977, de um ato arbitrário da ditadura militar, sem que houvesse consulta popular para dividir o então gigante Mato Grosso. Os ideais divisionistas do Sul de Mato Grosso têm origem no final do século XIX, quando alguns grupos de políticos, empresários, jornalistas, fazendeiros, entre outros, passam a defender a criação de uma nova unidade federativa.
Criado o estado, as primeiras eleições para escolha dos deputados estaduais, deputados federais e 1 senador ocorreram em 15 de novembro de 1978. A ditadura permitia eleições parlamentares, no entanto, escolher o presidente da República, o governador, prefeitos de municípios considerados área de segurança nacional, como capital, não era permitido.
Para a Assembleia Legislativa, os eleitores de Mato Grosso do Sul escolheram, pelo MDB, partido de oposição à ditadura militar: Cecílio Gaeta, Getúlio Gideão, Sergio Cruz, Onevan de Matos, Sultan Rasslan, Odilon Nacasato e Roberto Orro. Pela ARENA, legenda de sustentação à ditadura, foram eleitos: Ramez Tebet, Paulo Saldanha, Londres Machado, Valdomiro Gonçalves, Osvaldo Dutra, Horácio Cerzósimo, Rudel Trindade, Alberto Cubel, Walter Carneiro, Zenóbio dos Santos e Ary Rigo.
Foram eleitos para a Câmara dos Deputados: Rubén Figueiró, Levy Dias e João Leite Schimidt, todos da ARENA. O MDB elegeu: Ubaldo Barém, Antônio Carlos de Oliveira e Walter de Castro.
Na disputa pela única vaga no Senado Federal, o confronto foi entre legenda e sublegenda, regra vigente na época, que permitia aos partidos lançar mais de 1 candidato ao cargo de senador. Pedro Pedrossian, ex-governador de Mato Grosso uno, e que, desde a criação de Mato Grosso do Sul, reivindicava ser nomeado o primeiro governador do estado, disputou a vaga ao Senado, como forma de comprovar ao então presidente ditador Ernesto Geisel sua popularidade por aqui.
Contudo, a disputa foi apertada. Os candidatos da ARENA foram os 2 ex-governadores de Mato Grosso: Pedro Pedrossian e José Fragelli (sublegenda). Pelo MDB concorreram: Plínio Barbosa Martins, ex-prefeito de Campo Grande, e Humberto Neder (sublegenda). Pedro Pedrossian obteve 134.338 votos e José Fragelli 45.815 votos. Plínio Martins recebeu 130.652 votos e seu companheiro Humberto Neder 11.456. Pedro Pedrossian conquistou a vaga graças à somatória de seus votos com o de José Fragelli.
Os primeiros parlamentares de Mato Grosso do Sul tomaram posse em fevereiro de 1979 e ao longo de seus mandatos participaram de momentos importantes do início do funcionamento do novo estado, como a elaboração da primeira Constituição Estadual, sancionada em julho daquele ano. Acompanharam também as crises causadas pela disputa de poder, entre 1979 e 1982, que levou Mato Grosso do Sul a ter 4 governadores: Harry Amorim Costa, Londres Machado, Marcelo Miranda Soares e Pedro Pedrossian.
Wagner Cordeiro Chagas
Mestre em História pela UFGD e professor em Fátima do Sul. Pesquisa sobre história política de MS desde 2007. Autor do livro “As eleições de 1982 em MS” (2016).
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