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Turismo predatório ameaça floresta mais antiga do Japão

18 Ago 2004 - 16h03
A floresta de Yakushima, a mais antiga do arquipélago japonês, com árvores de cedro milenares salvas do desmatamento por uma campanha lançada em 1972, encontra-se mais uma vez ameaçada, desta vez pelo turismo predatório.

Tessei Shiba lançou com sucesso há 30 anos um movimento contra a exploração da floresta de cedros de Yakushima, conseguindo preservar 1.500 hectares na ilha vulcânica, a 1.100 km ao sudoeste de Tóquio.

A ilha apelidada de "Alpes dos Oceanos" devido a sua cadeia de montanhas com picos de 1.800 metros foi classificada pela Unesco em 1992 como Patrimônio Mundial da Humanidade.

Atualmente com 61 anos, Shiba adverte que a floresta de Yakushima enfrenta agora uma segunda crise, "talvez pior"."Eu acho que está na hora de intervir de novo para mostrar o valor incalculável desta natureza para os nossos descendentes", explicou.

O número de turistas nesta ilha de 14 mil habitantes aumentou pela quarta vez, 8,7% em um ano, atingindo o recorde de 314.766 turistas no final de março de 2004. E a tendência deve se manter até dezembro, segundo as autoridades.

Os visitantes são atraídos principalmente pelo grande cedro, conhecido mundialmente como "Jomon-sugi", com 25 metros de altura e um diâmetro de 16 metros.

O cedro, cuja idade estimada é de 2.600 a 7.200 anos, fica não muito longe do centro da ilha de 500 km2, e cerca de 500 pessoas escalam todo os dias a montanha para vê-lo.

"Yakushima é um desses lugares onde podemos sentir a verdadeira natureza", afirma Hiroyuki Takata, visitante que veio de Hiroshima. Bernd Ritzmann, engenheiro vindo da Alemanha, por sua vez, diz saber que "não é fácil conservar o local como ele é".

"A natureza foi preservada porque os habitantes se privaram de entrar na floresta sagrada, que nós respeitamos como a casa dos deuses", afirma Shiba.

Esforços

O ecologista dirige desde junho a Associação de Turismo de Yakushima, essencialmente para conscientizar sobre a relação entre a natureza e o turismo. "Eu gostaria de propor que o acesso à montanha fosse fechado uma vez por ano", disse. "Yakushima é um tesouro para os habitantes, os japoneses e todas as pessoas do mundo. O futuro de nossa ilha está nos nossos ombros".

Apesar dos esforços dos habitantes para fazer uma triagem dos dejetos, seu volume cresceu em mais de um terço desde 1996, atingindo 3.450 toneladas ao ano, devido ao grande número de turistas, explica Koji Kihara, da secretaria do Meio Ambiente.

O turismo movimentou 10 bilhões de ienes (US$ 90 milhões) por ano na ilha, respondendo por 60% da economia local. "Os habitantes da ilha sacrificaram a natureza para ganhar dinheiro", afirmou Kihara. "Mas suas vidas não melhoraram, apesar de tudo", destacou.

A renda média dos habitantes da ilha é de cerca de três milhões de ienes por ano, 70% da média nacional, acrescentou. "Os moradores devem pensar em uma maneira de enfrentar as dificuldades sem destruir a natureza, que é seu capital."
 
 
 
Folha Online

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