A delegada do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crime (Nucria) de Paranaguá, Maria Nysa Moreira Nanni, disse que o casal preso por torturar duas crianças tinha a prática como rotina. A mulher, de 35 anos, era a mãe da menina de 10 anos e de um menino de seis anos. O homem preso, de 55 anos, era padrasto das crianças.
A delegada contou que as investigações sobre o caso começaram no início deste ano, após denúncia de funcionários da escola onde as crianças estudavam. No entanto, os problemas enfrentados pela menina e pelo menino começaram pelo menos em 2015. “A gente já tinha a notícia dos maus tratos, mas infelizmente o casal interceptou o Conselho Tutelar e a escola, tirando as crianças do local do estudo. Inclusive, perdemos a identificação destas crianças”, conta.
Apesar da alteração de escola, a prática de tortura continuava. “Novamente observaram as lesões nas crianças e houve a notícia rápida ao Nucria. As crianças foram acolhidas e continuamos com as investigações. Os espancamentos eram cotidianos, em várias partes do corpo. A perícia identificou marcas e lesões em datas diferentes. Os corpos das crianças eram como mapas das agressões”, explica Maria Nysa.
Ela ainda revelou que a menina apresentava a Síndrome de Estocolmo. “Ao mesmo tempo que ela evidenciava os maus tratos e a tortura, ela queria proteger o casal”, comenta. Já o menino de seis anos teve um quadro de regressão, sem conseguir se expressar por meio da fala e tendo crises de pânico.
Segundo a delegada, paralelamente à apuração sobre maus tratos e tortura, sugiram denúncias sobre a realização de rituais de magia negra por parte do casal. “Houve o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa do casal, já quando as crianças estavam acolhidas, e foram encontrados materiais e apetrechos que configuraram atividades religiosas”, salienta.
Maria Nysa enfatiza que a denúncia sobre rituais de magia negra ocorreu paralelamente às investigações sobre as condições das crianças e da família. “Não temos ainda a confirmação se a perversidade chegava neste nível, de as torturas acontecerem durante os rituais. Mas as crianças viviam neste tipo de ambiente”, indica.
A delegada afirma que as investigações estão praticamente concluídas. O casal foi autuado por diferentes crimes, entre eles maus tratos e tortura, e não quis se pronunciar na delegacia.
Colaboração Rádio Ilha do Mel FM
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