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Brasil

Rússia enterra crianças; ação em escola matou 371

6 Set 2004 - 07h17
As famílias das vítimas do seqüestro em uma escola de Beslan, cidade da Ossétia do Norte (sudeste da Rússia), começaram a enterrar seus parentes e amigos mortos na operação de resgate realizada na sexta-feira.

Pelo menos 335 pessoas, sendo 156 crianças, que foram feitas reféns morreram após as forças especiais russas invadirem a escola, de acordo com o porta-voz do governo de Ossétia do Norte, Lev Dzougayev.

Além destes, dez policiais e 26 terroristas também morreram. Dzougayev disse que o número de mortos ainda pode aumentar.

O número oficial de mortos e feridos, no entanto, deverá ficar incerto por vários dias, como ocorreu no episódio da invasão do teatro em Moscou, em outubro de 2002. As autoridades russas não costumam dar informações precisas sobre o número de vítimas --naquela ocasião, 129 reféns morreram no teatro, mas os números iniciais apontavam entre cinco e dez.

Cerimônias

As primeiras cerimônias religiosas seguiram o ritual cristão ortodoxo, religião predominante na Ossétia do Norte. As covas foram escavadas às pressas e marcadas com estacas brancas.

O patriarca ortodoxo russo Alexis 2º pediu que sejam celebradas missas em nome dos mortos em Beslan em todas as igrejas da Rússia.

Há, ainda, uma lista de mais de 200 desaparecidos, segundo informações do necrotério de Beslan. Uma funcionária disse à agência de notícias France Presse que alguns dos corpos estão tão mutilados que não podem ser reconhecidos.

"Nós não abandonamos a esperança até o fim", disse a médica Rimma Butueva, que esteve no enterro da prima, Rosa, cujo filho de nove anos teve de ser reconhecido pelas roupas que estava usando.

"Meu filho está desaparecido", disse Albert Adykhayev à rede de TV NTV. "Eu nem sei em que lista ele está, ou com que nome". O filho de Adykhayev tem três anos de idade.

O governador da Ossétia do Norte, Alexander Dzasokhov, pediu perdão "por falhar em proteger as crianças, os professores e os pais" no incidente. O ministro do Interior da Ossétia do Norte, Kazbek Dzantiyev, ofereceu sua renúncia, que não foi aceita.

"Guerra em larga escala"

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse ontem que os terroristas internacionais declararam "uma guerra em larga escala" contra a Rússia e que, devido ao colapso da União Soviética, o país estava enfraquecido e incapaz de reagir efetivamente.

"Nós não temos entendido a complexidade e o perigo dos processos que se desenvolvem em nosso país e no mundo inteiro", disse Putin. "Não temos sabido reagir de maneira apropriada. Temos demonstrado debilidade e os fracos sempre perdem."

A tragédia

Na última sexta-feira, forças de segurança russas invadiram a escola para tentar resgatar os reféns, mantidos sob a mira de armas e bombas por terroristas que exigiam a saida das tropas russas da Tchetchênia.

Mais de 1.200 pessoas --entre crianças, pais e professores-- estavam em poder de terroristas desde quarta-feira.

Putin condenou o ataque e afirmou que atentados desse tipo tentam estimular o conflito étnico na região do Cáucaso. Há suspeitas até de que a Al Qaeda [de Osama bin Laden] teria financiado a operação terrorista.

Segundo o chefe do FSB (Serviço Federal de Segurança) da Ossétia do Norte, Valery Andreyev, armas e munições foram postas previamente dentro da escola.

Segundo o chefe do FSB, a intervenção das forças especiais russas na escola de Beslan não estava planejada. Com a invasão, os rebeldes teriam explodido bombas colocadas em um ginásio em que os reféns estavam.

A invasão da escola russa aconteceu um dia depois de o presidente Vladimir Putin ter afirmado que buscava uma solução pacífica para o impasse e que a prioridade do governo era "salvar vidas".

Segundo o comitê de crise do governo russo, as forças especiais tiveram de entrar em ação no momento em que um primeiro grupo de cerca de 40 mulheres e crianças conseguiu fugir e alguns terroristas começaram a disparar.

Terror

Logo após a captura dos reféns, o grupo armado ameaçou matar 50 crianças para cada combatente morto e 20 para cada combatente ferido. O FSB disse que o grupo era formado por 17 pessoas (homens e mulheres) e que algumas delas estariam usando cintos com explosivos.

O grupo exigia, além da libertação de presos envolvidos em atividades terroristas na Inguchétia, que as tropas russas fossem retiradas da Tchetchênia e o fim das ações militares nesta república, segundo informou Aslanbek Aslakhanov, assessor do presidente Putin.

Foi a terceira ação terrorista ocorrida na rússia em pouco menos de duas semanas. Na terça-feira, dez pessoas morreram e 51 ficaram feridas em um ataque perto de uma estação de metrô no centro de Moscou. Uma semana antes, dois aviões caíram no sul de Moscou, matando todas as 89 pessoas que estavam a bordo, o que foi classificado como "ato terrorista".

As autoridades russas disseram ter achado o mesmo explosivo nos escombros dos aviões e duas mulheres tchetchenas foram consideradas suspeitas. O mesmo grupo, Brigadas Islambouli, reivindicou o "seqüestro" dos aviões.
 
Folha Online

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