O jogador Richarlyson, do São Paulo, afirmou neste domingo, em entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, que não é homossexual. O meio-campista, que busca colocar fim aos boatos sobre sua sexualidade, reclamou do preconceito que tem sofrido e disse que, pela segunda vez, é vítima de discriminação.
Ao ser perguntado se é homossexual, o atleta respondeu que "não" e afirmou que, se fosse, assumiria. "Com certeza, eu não teria problema nenhum até porque a minha família é uma base maravilhosa, extraordinária e acho que isso não seria obstáculo para eles e eu seguiria minha vida normalmente", afirmou o jogador, que disse ter sofrido preconceito na infância, por ser negro.
"Já tive um certo racismo quando era criança, quando estudava em uma escola de freiras e eu era o único negro da escola. E tudo o que acontecia na escola caía sobre mim", lembrou Richarlyson, que disse ter ficado chateado com a sentença do juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho, que classificou o futebol como um jogo "varonil, não homossexual".
"É difícil eu entrar nessa questão porque não sou formado em Direito, mas não foi só um desrespeito a mim, foi um desrespeito ao Brasil. Nada a ver [a sexualidade do jogador], o importante é fazer o trabalho dentro de campo bem feito", afirmou o são-paulino, que disse ter planos de casar e constituir família "depois que terminar a faculdade de Educação Física e construir uma base sólida na carreira".
Richarlyson decidiu ir à Justiça depois que o diretor administrativo do Palmeiras, José Cyrillo Jr., citar o seu nome ao responder a uma pergunta sobre homossexualidade no futebol. A polêmica começou em junho, no programa "Debate Bola", da TV Record. Indagado sobre a possibilidade de haver um atleta homossexual no elenco palmeirense disposto a assumir publicamente sua opção, Cyrillo começou a responder dizendo: "O Richarlyson quase foi do Palmeiras".
A pergunta surgiu depois que a coluna Zapping, do jornal Agora São Paulo e da Folha Online, informou, sem citar nomes, que um jogador de um grande clube paulistano estava em negociação com a TV Globo para assumir a homossexualidade.
No último dia 3 de agosto, o juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho, da 9ª Vara Criminal de São Paulo, arquivou a queixa-crime apresentada pelo volante são-paulino. No documento em que relacionou os motivos para o arquivamento do caso, Junqueira Filho classificou o futebol como "jogo viril, varonil, não homossexual" e sugeriu que um atleta gay devia abandonar a carreira ou montar um novo time e criar uma federação própria para continuar atuando. A seguir, ele afirma: "Não que um homossexual não possa jogar bola. Pois que jogue, querendo. Mas forme seu time e inicie uma Federação".
Em seguida, os advogados de Richarlyson entraram com uma reclamação disciplinar no CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O relator da reclamação e corregedor nacional de justiça, Cesar Asfor Rocha, já enviou um ofício ao magistrado solicitando informações. Junqueira Filho tem 15 dias para responder.
Folha Online
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