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Brasil

Protesto reúne mais de 200 produtores

4 Nov 2004 - 07h36
Mais de 200 produtores de várias cidades de Mato Grosso do Sul participaram na tarde de ontem de um protesto organizado pela organização não-governamental Recovê, contra invasões indígenas registradas no sul do Estado. O ponto de ebulição foi a invasão à Fazenda Morro Alto, em Antônio João, de propriedade do agricultor Altamir João Dalla Corte.
A ocupação ocorreu na última sexta-feira, numa área de 200 hectares, preparadas para o plantio. A fazenda está localizada próxima à área que está em litígio desde 1998, juntamente com outras propriedades, que juntas somam mais de 9 mil hectares. Os proprietários reclamam de ameaças e alertam que não falta muito para um conflito com proporções trágicas.
Presidentes dos Sindicatos Rurais de Dourados, Gino Ferreira, de Ponta Porã, Ronei Silva Fuchs, de Antônio João, Edgar Martins Peixoto, de Iguatemi, Márcio Margatto (que representou os produtores em conflitos de Japorã), da Recovê, Pio Queiroz Silva, além do prefeito de Antônio João, Dácio Queiroz Silva, entre outros, participaram do movimento.
Ronei Fuchs alertou para a onda invasionista patrocinada pela Funai e conclamou a classe a se preparar; Edgar Peixoto lembrou que as terras não foram roubadas: “devolvam nosso dinheiro, paguem-nos e vamos sair”, afirmou, chamando todos a lutarem contra o desmando e descaso das autoridades constituídas.
Márcio Margatto afirmou que nenhuma terra foi roubada, apontando que não há uma disputa por terra, “nos estamos apenas cuidando do que é nosso”. Gino Ferreira mostrou-se indignado com o drama vivido pela classe produtora. “Estamos aqui hoje, em frente da Justiça Federal para pedir justiça, que país e este em que estamos vivendo?”.
O sindicalista rural falou de experiências anteriores e disse que “ou nos respeitam ou a gente pára este país e muda tudo, começa tudo outra vez”. Para Gino Ferreira, a onda de invasões não é coisa da cabeça dos índios, “nisso tem cabeça de pessoas que vivem no ar-condicionado, que não usa chapéu na cabeça e movimentos como esse é que dá mais credibilidade, pois o nosso interesse e o cumprimento da lei”, concluiu.
Dácio Queiroz Silva, pecuarista e prefeito de Antônio João, disse que o movimento é a prova de que os produtores não estão sozinhos e que coloca em marcha um basta ao que considerou de “bagunça”. Lamentou o descompasso entre o Poder Executivo brasileiro e o Judiciário na identificação e demarcação de terras e o jogo de empurra entre as polícias.
Queiroz disse que a região de conflito está à beira da irresponsabilidade por causa da parcialidade do Ministério Público Federal. “O procurador da República e a Polícia Federal são pagos para defender o índio, em detrimento do direito de propriedade e dos direitos do cidadão”, afirmou. Ele mais pulso da Justiça Federal: “queremos apenas que a Justiça nos diga se as terras lá são ou não são de índios”, pediu.
Segundo Dácio Queiroz, os indígenas têm prazos dobrados, têm muitos direitos e poucas obrigações. “Deste mundo eu também sou índio, sou um índio globalizado e junto com a minha família vou defender a Fazenda Fronteira até as últimas instâncias, inclusive ir a Brasília, não é possível mais aceitar isso”, concluiu.

Juiz federal recebe comissão de produtores

O juiz federal Odilon de Oliveira recebeu na tarde de ontem, na sede da Justiça Federal, uma comissão dos produtores rurais que realizaram protesto em frente a sede do órgão. Além de diretores da Recovê, o grupo foi composto por presidentes de sindicatos rurais, proprietários de áreas em conflito indígena, prefeito de Antônio João, Dácio Queiroz Silva e a imprensa.
As declarações na sala de Odilon de Oliveira foram formais, já que naquela Vara Federal tramita processo alusivo aos conflitos das Fazendas Fronteira e Morro Alto, que aguarda decisão judicial, movido pelo advogado Guilhermo Ramón Salazar, que também participou da audiência com o juiz federal.
Todas as denúncias feitas durante o protesto contra o CIMI, a Igreja Católica, CNBB, Polícia Federal, Funai e o procurador federal Charles Pessoa, foram repetidas diante de Odilon de Oliveira. Nada foi omitido, nem a violência e ameaças de morte que os funcionários das fazendas vêm sofrendo por parte dos índios que invadiram as propriedades.
O juiz ouviu calado todos os pronunciamentos e pediu que o advogado Guilhermo Salazar retornasse na manhã seguinte (hoje), pois iria examinar o processo e, caso não haja impedimentos do Tribunal de Justiça, dará uma solução aos casos. Dois conflitos – Antônio João e Iguatemi – pautaram o encontro dos produtores com a justiça.
O juiz ouviu os relatos, inclusive nomes citados, como os do antropólogo Fábio Mura, de Alexandra Barbosa da Silva e de um índio conhecido por “Tonico”, que estariam invadindo fazendas para “plantar” ossos e com isso “fabricar” terras indígenas na região de Iguatemi e Japorã. A invasão de casas no distrito de Campestre também foi denunciada.
 
 
 
 
Diário MS

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