A obesidade é considerada um sério distúrbio causado por fatores genéticos ou ambientais. Segundo o Ministério da Saúde, no ano passado pelo menos 14% da população brasileira foi considerada obesa.
Aliado a este problema, psiquiatras têm percebido a ocorrência de um outro distúrbio, desta vez de origem comportamental, no qual pessoas obesas se veem mais magras do que realmente são e não percebem que o sobrepeso arrisca sua saúde. Diante disso, se sentem a vontade para comer sem restrições, ganhando cada vez mais peso e ficando, portanto, ainda mais doentes. O nome disso é gordorexia.
De acordo com a psicóloga Patrícia Spada, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o distúrbio deve ser visto com um problema a mais, pois a obesidade já é perigosa a saúde.
- Acontece o que chamamos de comorbidades, ou seja, doenças que acompanham a obesidade, como hipertensão, doenças cardiovasculares, ortopédicas, dermatológicas, alguns tipos de câncer, entre outras.
Difícil diagnóstico
Para a psicóloga, nem sempre é fácil perceber que o obeso sofre deste problema, mas vale ficar atento se a pessoa não vê o próprio corpo como ele realmente é, se desconhece as próprias emoções, e se é sedentário, mesmo quando recebe recomendações médicas para fazer tudo ao contrário, ensina a psicóloga.
O termo, no entanto, não é reconhecido pelos médicos brasileiros e nem pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
A endocrinologista Leila Maria Batista Araújo, vice-presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), por exemplo, disse que nunca havia ouvido falar do termo gordorexia, mas percebe que muitos pacientes seus que são obesos não encaram o problema.
- Tem muita gente que se trata contra a hipertensão, diabetes e acha que isso é tudo isolado, sem perceber que é por causa da obesidade.
A pessoa é considerada obesa quando tem o IMC (Índice de Massa Corpórea, que associa peso e altura) maior ou igual a 30.
Tratamento e prevenção
Por ser um distúrbio duplo, a gordorexia deve ser tratada por diferentes ângulos e especialidades médicas, segundo as médicas consultadas. Para a psicóloga Patrícia Spada, a equipe deve ser multidisciplinar.
- Só o médico ou só o psicanalista não darão conta do recado. Tem-se que contar, além destes, com nutrólogo e/ou nutricionista, educador físico e em alguns casos com psiquiatra. É importantíssimo tratar a família também, principalmente se for criança, o que não é incomum.
Ou, antes de tudo, apostar na prevenção para evitar a obesidade. De acordo com a vice-presidente da Abeso, ela deve ser feita desde a infância, porque a obesidade está crescendo em todo o mundo.
- A prevenção começa na primeira infância quando não se deve alimentar demais a criança, nem deixá-la muito tempo sedentária, assistindo a televisão e deixando de fazer exercícios físicos, nem incentivar comer muitos doces, que elas adoram.
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