Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores equiparam voluntários - todos estudantes universitários - com gravadores digitais que se ligavam e desligavam automaticamente, a intervalos regulares. Os voluntários deveriam portar o gravador durante todo o tempo em que estivessem acordados.
As gravações duravam, na maioria dos testes, 30 segundos, e eram tomadas a intervalos de 12min30s. A partir desse registro, os psicólogos fizeram uma estimativa de quantas palavras cada voluntário proferia ao longo do dia.
O trabalho envolveu um total de 396 estudantes - 210 homens e 186 mulheres - divididos em seis rodadas diferentes, cinco realizadas nos EUA e uma no México, entre 1998 e 2004. Os participantes tinham de 17 a 29 anos.
Os dados indicaram que, ao longo de um período médio de 17 horas de vigília, as mulheres falam 16.215 palavras, em média, contra 15.669 dos homens.
A diferença não chega a ter importância estatística, dizem os pesquisadores, e empalidece diante da que separa, por exemplo, o homem mais lacônico da amostra (500 palavras ao dia) do mais falador (45.000). O resultado, conclui o artigo, mostra que homens e mulheres usam, em média, o mesmo número de palavras diariamente: cerca de 16.000.
Mas, se os números são tão próximos, da onde vem a idéia de que a mulher fala demais? "Meu melhor palpite", declara o psicólogo Matthias R. Mehl, principal autor do trabalho, "é que (esse preconceito) evoluiu a partir do conflito entre os sexos".
"Pode ser que, no contexto das discussões entre marido e mulher, haja um padrão típico", diz ele: "A mulher exige falar sobre o problema e o homem se afasta, verbal e emocionalmente".
Com isso, supõe Mehl, as pessoas exageram na generalização, indo de "ela quer falar sobre o problema" para "mulheres sempre querem falar". "Mas isso é só um palpite", ressalva.
O cientista lembra ainda que, no geral, as pessoas tendem a prestar mais atenção nos casos que confirmam seus preconceitos. "Se você acredita mesmo que as mulheres falam mais que os homens, você vai pegar as mulheres mais tagarelas como exemplos a favor da sua teoria".
Estadão
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