A ascensão meteórica do Brasiliense, que em quatro anos de existência chegou à elite do futebol brasileiro, surpreendeu até o proprietário, presidente e único patrocinador do clube, o ex-senador Luiz Estevão.
"Nosso objetivo era ser um time de Série A. Idealizamos um projeto e conseguimos antes do prazo esperado, que era de dez anos", contou o dirigente, em entrevista exclusiva ao Terra Esportes.
Fundado em 2000, o campeão brasileiro da Série B de 2004 apareceu no cenário nacional em 2002, quando chegou à final da Copa do Brasil (depois de ter sido vice-campeão estadual em 2001). Mas acabou derrotado pelo Corinthians. No mesmo ano, conquistou o título da Série C e subiu para a segunda divisão do Nacional. Depois de dois anos, chegou à Série A.
O modelo de administração é, no mínimo, inusitado. O poder está centralizado nas mãos de Luiz Estevão, que fundou o clube em 1º de agosto de 2000 após comprar o Atlântida Futebol Clube, de Taguatinga - cidade satélite de Brasília - e contratar alguns jogadores. Além de dono, o ex-senador é presidente e patrocinador exclusivo do clube por meio do grupo OK, que reúne todas as suas empresas. Para completar, o dirigente ainda possui os direitos federativos de alguns jogadores.
"Pagamos salários bastante baixos em comparações com as outras equipes da Série B. Mas a premiação é muito boa, é o diferencial. Iguala todos os jogadores", explica Estevão, que se recusa a informar quanto custa a folha salarial do time.
Dono de uma das maiores fortunas do Distrito Federal, conforme destaca o próprio site do clube, o presidente injetou bastante dinheiro no clube e deixa claro que agora vai começar a colher os frutos. "No futebol é difícil você falar em lucro. Mas agora podemos dar um tratamento mais empresarial. Mas o objetivo não é lucro, é a vitória. Teremos boas receitas de publicidade, de cotas de TV e agora o jogador tem valor de mercado pelo menos cinco vezes maior do que se estivesse na Série B. Tudo isso depende do ranking que o clube ostenta."
O ex-senador ressalta que a tendência é o time ter novos patrocinadores, que vão ocupar o lugar de suas empresas. "Isso vai acontecer aos poucos. Hoje o Brasiliense tem uma exposição enorme em Brasília. É o terceiro mercado consumidor do Brasil, devemos negociar com outras empresas."
Apesar do crescimento, o dono do time promete manter a política adotada até aqui, sem loucuras ou reforços de peso. "Foi indispensável renovar com os 11 titulares da campanha da Série B. Isso para nós é muito importante, devido ao entrosamento. Agora vamos conversar com o Edinho (técnico campeão que já está de contrato renovado) e ver onde há carências para a gente suprir."
Graças ao sucesso, o formato centralizador será mantido por Estevão. "Por enquanto, seguirei como presidente", conta, sem estabelecer metas. "Não dá para dizer onde o time vai chegar em 2005."
A trajetória
Fundado em agosto de 2000, o Brasiliense foi campeão da segunda divisão estadual e subiu para a elite candanga. Chegou ao vice-campeonato estadual da primeira divisão logo no ano seguinte, quando um dos destaques da equipe era o meia Iranildo, contratado graças a uma parceria estabelecida por Estevão com o Flamengo.
O time tinha 14 novatos, pois em seu primeiro ano o Brasileiro era formado quase que exclusivamente por jogadores emprestados.
O segundo lugar no Estadual de 2001 garantiu uma vaga na Copa do Brasil do ano seguinte, competição que levaria o campeão à Copa Libertadores da América. E por muito pouco o Brasiliense não chegou lá.
Perdeu a final da competição nacional, em 2002, para o Corinthians, na época dirigido por Carlos Alberto Parreira. Meses depois, o clube de Luiz Estevão conquistou a Série C do Campeonato Brasileiro, garantindo assim uma vaga na segunda divisão.
Mas a ascensão no cenário nacional não fez o ex-senador desistir de um grande sonho: o título estadual, que só chegou em 2004. A base foi mantida e a equipe amarela levantou a taça da Série B do Campeonato Brasileiro, deixando para trás Bahia, Fortaleza e Avaí no quadrangular final.
Terra Redação
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