O desperdício é um dos maiores responsáveis pela perda da água tratada por empresas de saneamento básico no Brasil. Somado a isso tem-se a perda gerada pela infiltração de poluentes (geralmente provocada pelos chamados gatos, ligações clandestinas), correspondente a cerca de 40% de toda a água saneada. O País armazena 14% de toda a água do planeta, mas 80% das fontes estão concentradas na Região Norte, onde há a menor taxa de ocupação urbana. As metrópoles são prejudicadas com a falta de bacias de rios.
Na Grande São Paulo, onde hoje vivem 18 milhões de pessoas, menos de 10% do abastecimento provém de fontes locais. Com o comprometimento da represa Billings pelo alto índice de poluição, foi preciso recorrer a outras fontes de água para reforçar o fornecimento de Guarapiranga, onde há uma ocupação irregular de cerca de 100 mil pessoas. Para suprir a demanda, São Paulo capta água em Piracicaba, a quase 200 quilômetros de distância, e até mesmo fora do Estado, como de Minas Gerais.
De acordo com o superintendente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Luis Carlos Neto Aversa, cada vez que se escova os dentes, deixando a torneira aberta, há a perda de 12 litros de água tratada, limpa e fluoretada. Um banho demorado desperdiça 50 litros de água. Lavar a louça com a torneira aberta, 120 litros. Lavar a roupa com a torneira do tanque aberta, 300 litros. Outros hábitos que já deveriam ter sido banidos: regar plantas com uma mangueira (180 litros) em vez de um regador, ou lavar a calçada com mangueira (280 litros), em lugar de apenas varrer ou usar um balde.
"Cada vez que a descarga é acionada, são utilizados 18 litros de água. Pensando no racionamento de água, o governo de Nova York fez uma campanha para que os moradores trocassem a descarga antiga por um novo modelo, que libera de cinco a oito litros quando ativada. E pagou US$ 100 a quem fez a substituição", conta Aversa.
O reuso da água já vem sendo feito pela Sabesp, que está começa a oferecer estações de tratamento de esgoto. A água limpa proveniente das bacias custa em torno de R$ 10 o metro cúbico (equivalente a mil litros). Já a reutilizada sai por R$ 1.
O descaso com o uso irracional da água ocorre, segundo o superintendente, porque a conta de luz, sempre pesou muito mais no bolso que a conta de água. "Muitos de nós crescemos ouvindo os pais perguntarem se pensávamos que eles eram sócios da Light (empresa que durante o século 20 dominou o mercado de distribuição de energia elétrica no Brasil), mas nunca da Sabesp. No entanto, a água é um recurso natural finito, e se não fizermos nada agora, será uma catástrofe anunciada, que está muito perto de nós", alerta.
Terra Redação
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