De acordo com os autores do trabalho, nenhuma outra espécie consome tanto da chamada Produção Primária Líquida (NPP, na sigla em inglês) do planeta.
"Trata-se de um impacto notável na biosfera, causado por apenas uma espécie", diz o artigo, assinado por pesquisadores alemães e austríacos, que se valeram de dados estatísticos sobre produção agrícola, pecuária e madeireira, além de mapas com dados sobre o uso do solo e modelos matemáticos, usados para estimar qual seria o chamado NPP potencial, ou a cobertura vegetal dos continentes caso a humanidade não interferisse com os ecossistemas.
O trabalho destaca que áreas de cultivo e de infra-estrutura são utilizadas de forma mais intensiva, levando a uma média global de apropriação humana do carbono que poderia ser fixado pela vegetação da ordem de 83% e 73%, respectivamente. Essa apropriação é menor em áreas de pasto (19%) e de exploração extrativista de florestas (7%).
Em termos de divisão regional, o uso dos recursos vegetais é maior no Extremo Oriente, chegando a 63% de toda a produção potencial, e menor na Ásia Central, com 12%. Em algumas áreas isoladas, como em partes do Oriente Médio, a apropriação humana dos recursos vegetais chega a ser negativa. Nessas áreas, o uso da tecnologia permite que a matéria vegetal que sobra no ambiente, após o consumo humano, seja ainda maior do que o potencial natural estimado.
Dos 16 bilhões de toneladas de carbono vegetal apropriados pela humanidade anualmente, cerca de 8 bilhões assumem a forma de colheitas agrícolas. Citando esse dado, os autores do estudo sugerem que "medidas para promover o uso de biomassa para geração de energia" devem ser "analisadas com cuidado", já que poderão dobrar o nível atual de colheitas.
Mesmo reconhecendo que a adoção de técnicas de agricultura intensiva podem aumentar a produtividade sem aumentar a proporção da vida vegetal apropriada pela humanidade, os cientistas alertam para o impacto ecológico negativo da intensificação da agricultura, como o aumento no consumo de água e o risco de contaminação por pesticidas.
Estadão
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