Menu
sábado, 20 de abril de 2024
Busca
Busca
Novela Global

Gloria Perez ressuscita o prestígio das novelas com A Força do Querer: 'Mobilizamos o público'

Trama levantou audiência e tocou em temas polêmicos, como a transexualidade: 'A falta de informação é a raiz do preconceito'

21 Out 2017 - 08h12Por Diario de Pernambuco

Rio de Janeiro - A força do querer estreou sob um misto de estranheza e expectativa diante de alguns temas abordados. A sereia Ritinha (Isis Valverde) resgatou os questionamentos sobre situações inusuais pela novelista Gloria Perez - todas inspiradas em histórias reais, garante a autora - e mergulhou junto à moda do sereísmo. Bibi Perigosa (Juliana Paes) carrega consigo a curiosidade em torno de Fabiana Escobar, ex-esposa de traficante e autora do livro Perigosa (R$ 26,90), antes independente e editado pela Novo Século após a estreia. A emblemática abordagem do processo de transição de gênero de Ivana (Carol Duarte) para Ivan incomodou setores conservadores, suscitou um importante debate sobre transfobia e provocou discussão sobre a escalação de uma mulher cis (pessoa que se identifica com o gênero atribuído no nascimento) para o papel, no país onde mais pessoas trans são mortas no mundo, de acordo com o Grupo Gay da Bahia, e 347 foram assassinadas em 2016, segundo dados da Rede Trans Brasil.
Na reta final, a trama com encerramento marcado para 20 de outubro atingiu os melhores índices de audiência do segmento desde a extremamente bem-sucedida Avenida Brasil (2012), de João Emanuel Carneiro, cujo cerne era a intricada vingança de Nina (Débora Falabella) contra Carminha (Adriana Esteves) e o desfecho cravou 50 pontos no Ibope. O capítulo de A força do querer no qual o playboy Ruy (Fiuk) atirou em Zeca (Marco Pigossi) e Jeyza (Paolla Oliveira) descobriu o antigo noivado do namorado Caio (Rodrigo Lombardi) com Bibi quebrou um recorde do folhetim: 45 pontos em São Paulo, com 60% de participação, e 48 no Rio de Janeiro, com 66% de participação. Cada ponto corresponde a 70,5 mil casas na capital paulista e 44 mil na carioca. O crescimento acompanhou o desenrolar do enredo. Entre abril e setembro, o crescimento na audiência foi de 29% e 24%, respectivamente, e serviu de mola propulsora para a reconquista do público. Após sucessivas quedas nos últimos anos, o número de espectadores de novelas voltou a ultrapassar 64 milhões pela primeira vez desde 2012.

O reconhecimento do sucesso nos bastidores da emissora fez germinar uma edição do Globo repórter dedicada à produção, em 20 de outubro. O especial será apresentado ao vivo e Sérgio Chapelin mostrará trechos da festa de encerramento, intercalados por reportagem de Helter Duarte e Isabela Assumpção sobre cenas marcantes e comparações com casos reais.

Para Gloria Perez, o bom desempenho é sedimentado no tripé “entreter, emocionar e fazer refletir”. Única autora da trama, ela escreve os episódios em pé, na cozinha, e ainda encontra tempo para fomentar a ansiedade dos espectadores, comentar passagens e defender algumas decisões pelo Twitter, rede social na qual é seguida por cerca de 2 milhões de internautas. “Um Google e verão que muitos homens trans, como Ivan, ficaram grávidos”, disparou, contra críticas recentes sobre a gravidez do personagem. Ele sofrerá um espancamento motivado por preconceito e perderá o bebê, cena com potencial para emocionar e, ao mesmo tempo, chocar o público.

Até a mocinha - papel em franca queda no quesito empatia - caiu nas graças do público. Policial honesta, forte e decidida, Jeiza incorpora ideais de uma geração de mulheres cansadas do retrato de “aspirantes a noiva”. Ela alimenta a gana por polícia e justiça sustentadas no combate ao crime, em meio a índices alarmantes de violência em cidades como o Rio de Janeiro e o Recife e manobras jurídicas e parlamentares pautadas por interesses pessoais e imparcialidade. 

O triângulo amoroso entre ela, Zeca e Caio - com longas ramificações entre Jeiza e Bibi, Zeca e Fiuk e ainda Bibi e Carine (Carla Diaz) - atende à principal pauta dos folhetins brasileiros, essencialmente românticos: disputas por paixão. Para engrossar o caldo, Gloria já recorreu à controversa surra de Ritinha e Joyce (Maria Fernanda Cândido) na traidora Irene (Débora Falabella) - criticada por servir como mote para o enaltecimento da agressão feminina -, à barriga de aluguel de Irene e à tentativa de homicídio responsável pelo pico de audiência. Entre clichês, tabus e pioneirismo, a trama de Gloria Perez resgata a força da novela brasileira. 
* A jornalista viajou a convite da Globo
Entrevista - Gloria Perez // dramaturga
 “A falta de informação é a raiz do preconceito” 
 A força do querer já é a novela com melhor índice de audiência nos últimos anos. A que atribui o sucesso da trama?
Penso que conseguimos mobilizar o público através de entreter, emocionar e fazer refletir.
Ivan tem provocado intenso debate. O que te motivou a abordar um tema tão delicado, em meio a tanto discurso de ódio e preconceito?
A atualidade dele. A falta de informação, de conhecimento, é a raiz de todo o preconceito.
Você já pensava em inserir um personagem trans em uma novela na década de 1980, mas a ideia não foi acolhida. O que mudou de lá para cá? Você temia uma repercussão negativa, mesmo estando em 2017?
Não. Estava segura da opção de criar primeiro a empatia do público com a personagem.
Uma decisão recente de um juiz federal dá margem para psicólogos adotarem a popular “cura gay”. Como você avalia esse posicionamento da Justiça?
Não existe cura para o que não é doença.
Muitos personagens seus são inspirados em pessoas reais. Como ocorre essa pesquisa?
No dia a dia mesmo… do interesse pelo que você vê, pelo que você lê.
Bibi Perigosa foi acusada de glamorizar o narcotráfico, devido ao estilo de vida luxuoso dela. Agora, na reta final, vemos mais as agruras da personagem. Pretende passar algum recado com ela?
Quem diz isso nem sabe o que é glamour! A não ser que ache mesmo que viver debaixo de tiroteio e caçado pela polícia seja um estilo de vida glamoroso.
As mocinhas e os mocinhos têm enfrentado rejeição do público, mas Jeiza caiu nas graças dos espectadores. Por quê?
As mocinhas boazinhas e ingênuas nunca fizeram parte das minhas novelas. Minhas protagonistas sempre foram mulheres de atitude e transgressoras. Clara, Jade, Dara, Maya, Sol, Carmem, etc, etc… Elas enfrentavam todos os desafios para buscar o que queriam para si.
A popularização de séries tem mudado a forma de produzir e consumir novelas? E interferido no seu trabalho? Elas ameaçam os folhetins, em curto, médio e/ou longo prazo?
Nem um pouco! São formatos diferentes com a mesma essência: contar histórias de gente, de fantasias de gente!

Participe do nosso canal no WhatsApp

Clique no botão abaixo para se juntar ao nosso novo canal do WhatsApp e ficar por dentro das últimas notícias.

Participar

Leia Também

VICENTINA - PROGRESSO
Prefeito Marquinhos do Dedé lidera avanço histórico rumo ao saneamento completo em Vicentina
Fátima Fest 2024
Agora é oficial Luan Santana divulga em sua agenda a data do show em Fátima do Sul no Fátima Fest
Ajude
Mãe luta por tratamento de filha especial e por sobrevivência dos outros filhos em Campo Grande
Saúde
Repórter Dhione Tito faz cirurgia no joelho e se diz confiante para correr atrás do boi de rodeio
Saúde
Professora de Campo Grande luta contra câncer em estágio avançado e precisa da sua ajuda

Mais Lidas

FOTO: REDES SOCIAISCULTURAMA DE LUTO
Culturama se entristece com a morte de Vanderleia Martins, CEIM divulga Nota de Pesar
OLHA A HISTÓRIA
Mulher é presa por matar namorado e incendiar carro com o corpo dentro
FOTO: GEONE BERNARDOFRENTE FRIA CHEGOU
Frente fria chega com força e traz mínima de 10°C na primeira do ano; confira a previsão
FOTOS: SARA ARAÚJOFÁTIMA DO SUL E SUA HISTÓRIA
Documentário revela as histórias e encantos das ruas de Fátima do Sul
O crime foi cometido durante a madrugada desta quinta-feira (18) / PCMSCOISA DE DOIDO
Mãe e padrasto são presos após abandonar filhos e recém-nascido para roubar moto