O número de mortes registradas entre pacientes que fizeram cirurgias cardíacas em serviços públicos do País é duas vezes maior do que o considerado aceitável em hospitais de referência no mundo. É o que revela um estudo coordenado pelo professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Antonio Luiz Ribeiro.
O trabalho, baseado em dados de 2000 e 2003, mostra que 8% dos pacientes que passaram por esse tipo de cirurgia morreram antes de receber a alta hospitalar. Se a taxa ideal tivesse sido alcançada, pelo menos 4 mil vidas poderiam ter sido poupadas nesse período, de acordo com o autor do trabalho.
Hospitais de referência em cirurgia cardiovascular dos Estados Unidos e da Inglaterra, por exemplo, apresentam em média 4% de morte. O alto índice de mortalidade no País destoa da reputação da cardiologia brasileira, reconhecida internacionalmente por sua competência. “Não podemos atribuir o problema à qualidade dos médicos. É uma combinação de fatores, que vai desde o estado do paciente até o tipo de serviço em que ele é atendido”, afirma o professor.
A consultora do Ministério da Saúde Regina Maria de Aquino Xavier concorda com a análise. Ela conta, por exemplo, que pacientes brasileiros que precisam fazer um tipo de cirurgia cardíaca - a de válvulas - apresentam um quadro muito pior do que doentes em países desenvolvidos. “Aqui, a cirurgia é feita muitas vezes em pessoas que tiveram febre reumática (uma reação inflamatória a uma infecção), problema que em outros países é menos freqüente”, observa a consultora do ministério. Mas, mesmo com as ressalvas, Regina e Ribeiro acreditam ser possível reduzir as taxas indicadas no estudo. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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