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Entrega de título provoca um momento de reflexão, diz Teruel

19 Ago 2004 - 13h08
Discursos aliando a fé e a política em defesa da vida marcaram a emocionante solenidade para a entrega do título de cidadão sul-mato-grossense ao papa João Paulo II e ao núncio apostólico Dom Lorenzo Baldisseri, realizada nesta quarta-feira (17/08). A noite de homenagens ocorridas por iniciativa do deputado estadual Pedro Teruel-PT, presidente da Comissão de Trabalho, Cidadania e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, começou com a celebração de uma missa na Igreja Santo Antônio.

Após a missa, que contou com a participação de um coral de canto gregoriano, os convidados lotaram o plenário Júlio Maia, na Assembléia Legislativa, para assistir a entrega dos títulos. Entres os presentes estavam o vice-governador do Estado, Egon Krakhecke, os deputados estaduais Pedro Kemp e Sérgio Assis, o arcebispo de Campo Grande, Dom Vitório Pavanello, padre Giuseppe Marinoni, reitor da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Dom Antônio Migliori, bispo da Diocese de Coxim, dom Reduvino Rizardo, bispo da Diocese de Dourados, e diversas lideranças da fé cristã de todo o Estado.

O deputado estadual Pedro Teruel destacou que a homenagem celebra o cultivo da paz. "Estamos homenageando uma pessoa de bem, que leva uma mensagem de paz ao mundo todo. Uma missão muito importante e desenvolvida com muito empenho, apesar dos problemas de saúde enfrentados pelo papa João Paulo II. É essa a reflexão que queremos fazer. Fortalecer a Paz em todo o mundo, apesar de todas as dificuldades", explicou Teruel.

O núncio apostólico no Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri, afirmou estar orgulhoso com o título que lhe foi entregue e vai encaminhar a homenagem ao papa no Vaticano. O núncio que está há um ano nesta função, esteve em Campo Grande no dia 17 de outubro de 1991, data da visita de João Paulo II a Campo Grande. "Aquele dia ficou marcado em nossos corações e na história de Mato Grosso do Sul pela visita do Santo Padre que se mostrou uma pessoa muito humilde. Em Campo Grande, João Paulo II convidava a multidão para pôr em prática a norma suprema do amor. Acredito que estas ações cativaram o povo sul-mato-grossense e hoje faz a Assembléia Legislativa conferir esta homenagem", garantiu Dom Lorenzo Baldisseri.

A solenidade de entrega do título de cidadão sul-mato-grossense foi transmitida para cerca de 300 rádios no Brasil e para a rádio Vaticano, com sede em Roma. Baldisseri ressaltou a relação entre a Igreja e a política. "Na visão de João Paulo II, essa relação é importante para a sociedade, especialmente quando o assunto é a participação da população para promover mudanças. O Santo Padre disse em Campo Grande, na única visita de um papa ao Mato Grosso do Sul, que as pessoas devem ter coragem de assumir a liberdade pessoal e responsável para intervir ativamente na vida política, econômica e social, animados pelo espírito de Cristo. Sempre baseados no critério moral de seguirmos um caminho como cidadãos guiados pela consciência cristã. Até hoje são estas palavras que devem continuar a estimular os responsáveis pela política e administração pública para conseguir o bem comum, a prosperidade e para conservar a paz", afirmou o núncio apostólico.

Confira a íntegra do discurso do deputado Pedro Teruel durante a sessão solene.

No dia Primeiro de Janeiro de 1979, logo no início de seu Pontificado, em sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, João Paulo II lançava um apelo: "Para alcançar a paz, educar para a paz".

Em Primeiro de Janeiro de 2004, afirmou: "Ao início de um novo ano, quero recordar às mulheres e aos homens de toda a língua, religião e cultura esta máxima antiga: o amor tudo vence" E concluiu: "Sim, queridos irmãos e irmãs de todos os ângulos da terra, no fim o amor vencerá! Cada um se esforce por apressar esta vitória. No fundo, é por ela que anela o coração de todos."

Nos vinte e cinco anos que separam essas duas datas, Sua Santidade o Papa João Paulo II tem peregrinado, mundo afora, à custa até mesmo de um visivelmente insuportável desgaste físico, levando sopros de esperança para toda humanidade. Árdua tarefa, na qual a tão abençoada semeadura do bem sempre esteve ameaçada pela intolerância daqueles que vivem na escuridão. Mais ainda, num tempo em que os homens, à vista das tragédias que continuam a afligir a humanidade, sentem-se tentados a ceder ao fatalismo, como se a paz fosse um ideal inacessível.

Karol Wojtyla parece ter nascido para personificar o poema do espanhol Antônio Machado que diz:
"Caminhante, não há caminho
O caminho é feito ao andar...",

proclamando em seguida:


"Todo aquele que caminha anda
Como Jesus sobre o mar".

Com essa insuperável determinação esteve em nosso Mato Grosso do Sul em 1991, data que pela inegável honra ficou para sempre marcada em nossa memória.

Memória afetiva à qual recorremos sempre que o vemos à distância, apenas em imagens, mas, como diz o dito popular, tendo-o sempre perto do coração, mesmo longe dos olhos.

Ao conclamar permanentemente os povos do mundo a "unir talentos e recursos para a construção em conjunto de um futuro em que todos possam compartilhar a paz e a prosperidade", Sua Santidade o faz com a autoridade de quem conquistou para essa causa, antes de quaisquer outros, seus próprios irmãos de fé, nós, cristãos, que, em suas palavras, "somos todos, juntos, responsáveis pela paz e pela unidade da família humana".

E, a partir dessa certeza, João Paulo II pôde garantir que "onde quer que a paz esteja em perigo, existem cristãos para testemunhar, com palavras e ações, que a paz é possível, contribuindo eficazmente para o respeito pela vida, a salvaguarda da dignidade da pessoa humana e dos seus direitos inalienáveis, a justiça social e a preservação do meio ambiente".

A partir desse princípio, na ação de seu líder supremo e de seus representantes junto às diversas nações do mundo, como sua excelência reverendíssimo dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil, a quem também estendemos esta homenagem, a Santa Sé tem se credenciado a participar dos debates internacionais, que clamam, cada vez mais, por vozes lúcidas, para defender com firmeza e credibilidade a fraternidade e a solidariedade entre os povos.

Ao pregar a caridade como complemento indissociável da justiça, a Igreja Católica tem colocado em prática um sábio ensinamento de São Tiago, que nos alertou que "a fé sem obras está morta". E Santo Padre o faz lembrando-nos o fundamental: "O homem, sem Deus e sem Cristo, constrói sobre areia".

Uma dessas obras tão importantes a qual se dedicam é a consolidação da democracia, que nas palavras do papa, "necessita da virtude, se não quiser ir contra tudo aquilo que pretende defender e estimular".

O povo sul-mato-grossense jamais poderia deixar de reconhecer tão extraordinária contribuição para o florescimento da dignidade e da felicidade no seio da raça humana. E dou meu testemunho do quão reconfortante tem sido essa influência. Não apenas como católico, mas como presidente da Comissão de Trabalho, Cidadania e Direitos Humanos desta Assembléia, tenho confirmado, em cada recanto de nosso estado, o trabalho espiritual e social da Igreja Católica, que ampara tantos irmãos carentes e desesperançados.

O papa João Paulo II e dom Lorenzo Baldisseri, merecem, portanto, nossa admiração acima de tudo por serem bem-aventurados obreiros da paz, aqueles, que segundo Mateus, serão chamados filhos de Deus.

Muito obrigado.

 

Assembléia Legislativa

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