O presidente Lagos disse que "nada poderia compensar" o sofrimento das vítimas de tortura, mas anunciou o pagamento de uma pensão de US$ 190 (R$ 520) mensais para elas durante o resto de suas vidas. A pensão ainda depende de aprovação do Congresso.
Lagos disse que a tortura e a detenção ilegais foram "prática institucional" durante todo o regime de Pinochet. Ele qualificou a extensão dos casos de tortura como "uma experiência sem precedentes no mundo". Milhares de pessoas sofreram em silêncio na época, disse o presidente, mas finalmente resolveram contar a sua história aos autores do relatório.
O general Pinochet nunca foi processado pelos crimes de tortura, mas um juiz deve decidir nas próximas duas semanas se ele tem sanidade para se defender contra acusações de abusos dos direitos humanos.
O relatório sobre tortura diz que muitas das vítimas foram presas em suas casas no meio da noite e levadas a um dos 800 centros de detenção. Uma das táticas mais comuns era forçar os detentos a observar seus colegas serem torturados ou até mortos. Cerca de 12% dos torturados eram mulheres, e quase todas elas disseram ter sofrido abuso sexual. As vítimas de tortura incluíram até crianças, 88 delas com 12 anos ou menos.
O relatório concluiu que, além dos ferimentos físicos, as sessões de tortura causaram danos psicológicos. Os arquivos pessoais serão mantidos em segredo por 50 anos, a não ser que as vítimas de tortura resolvam divulgá-los.
Estadão
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