Os advogados do volante são-paulino Richarlyson afirmam que vão pedir indenização de R$ 300 mil por danos morais no processo contra o diretor administrativo do Palmeiras, José Cyrillo Júnior. O processo deve ser protocolado na tarde desta quinta-feira (16), no Fórum João Mendes, no Centro de São Paulo.
Segundo Paulo Cezar Ferreira, advogado do jogador, a ação foi motivada depois que Richarlyson teve de mudar de endereço por causa de polêmica envolvendo seu nome, motivada por declarações do cartola palmeirense. O volante mora, atualmente, no Centro de Treinamento do São Paulo.
"O assédio da imprensa ficou muito grande. O caso tomou uma proporção nacional e internacional e ele não conseguia mais se sentir seguro em seu apartamento, que fica na Aclimação, na Zona Sul de São Paulo."
No dia 26 de junho, o Cyrillo Júnior deu a entender, em um programa de TV, que Richarlyson era homossexual. Três dias depois, os advogados do jogador entraram com queixa-crime contra o cartola pela declaração. No começo de julho, o juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho arquivou o pedido e usou argumentações consideradas homofóbicas. A decisão provocou polêmica e o magistrado anulou a própria sentença na sexta-feira (10).
Renato Salge Prata, outro advogado do jogador, disse que o valor definitivo da indenização por danos morais será determinado pelo juiz. "O valor é praticamente simbólico. Poderíamos pedir apenas R$ 1 como até R$ 1 milhão. Não podemos, de qualquer forma, pedir um valor que seja impossível de ser pago."
Prata afirmou que Richarlyson teve custos extras em sua vida depois dessa polêmica. "A rotina dele mudou e muita coisa teve de ser contabilizada. Além disso, há o dano moral. Imagine se o passe do jogador estivesse sendo negociado com algum outro time no exterior, por exemplo. Com certeza essa polêmica iria refletir no valor final da negociação."
Desde a polêmica, o jogador passou a dormir no CT do São Paulo, mas voltava para o apartamento com freqüência. De acordo com Ferreira, a mudança de endereço do volante é definitiva. "Ele não tem mais clima para voltar a morar no apartamento. Há reclamações de moradores por conta do assédio da imprensa. Já entrevistaram e tentaram entrevistar todo mundo que mora lá."
O órgão especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, formado por 25 desembargadores, vai investigar o juiz Junqueira Filho. Na sentença de arquivamento da queixa-crime apresentada pelos advogados de Richarlyson, o magistrado afirmou que não é possível a convivência de homossexuais no futebol. "O que não se mostra razoável é a aceitação de homossexuais no futebol brasileiro, porque prejudicaria a uniformidade de pensamento da equipe, o entrosamento, o equilíbrio, o ideal..."
Depois de receber a defesa do juiz, os desembragadores se reunirão para decidir se será instaurado processo administrativo com fins de investigação. As penas possíveis para o juiz variam de disponibilidade (afastamento com rendimento proporcional ao tempo de trabalho), advertência, censura, remoção compulsória (transferência de local de trabalho) ou aposentadoria compulsória (com rendimento proporcional ao tempo de trabalho).
O jogador concedeu entrevista ao "Fantástico", exibida no domingo (12) e falou sobre homossexualidade e preconceito. Ao repórter Valmir Salaro, da TV Globo, Richarlyson afirmou que sofreu preconceito duas vezes na vida. A primeira, por ser negro, quando ainda era criança. A segunda, já adulto e como jogador de futebol, quando foi chamado de homossexual.
G1
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